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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O poder das palavras!

Boa noite, mais uma vez! Pensar não é tarefa dificil mas escrever o que se pensa, sente e cria é uma verdadeira missão impossivel.

Será que o Rui Alves vai ver a sua missão abortada ou o "game over" não faz parte do seu jogo? Conversas à parte está na altura de conhecer a amostra daquilo que poderá vir a ser o 1º episódio da série "A Canção do Bandido":


Cena 1 / Palco de um velho teatro/ Interior/ Noite
Estamos no final do 3º acto de uma peça montada por António. Ele surge em palco de tronco nu, calças balão circenses, está descalço. No rosto, e no pescoço marcas de batom esfregado (simbolizando o desgaste das carícias, de amar). O personagem surge em palco arrastando correntes (o condicionamento, a prisão do “estar vivo”, amar e sofrer). Ele executa uma coreografia ao som de “Wuthering Heights”, melodia de Kate Bush. A sua entrega em palco é comovente. Concluída a dança, agradece e ouvimos aplausos (que na verdade, são apenas fruto da sua imaginação). No final da cena, a CAM regista a plateia, e tomamos aqui conhecimento de que ela está VAZIA!


Cena 2 / Casa de banho (camarim) / Interior/ Noite
António entra no camarim. Silêncio constrangedor, momento tenso. Observa uma foto, colocada no espelho: é uma fotografia sua com Pilar. Rasga-a em vários bocadinhos. Está visivelmente perturbado. Abre uma pequena gaveta: Retira uma máscara de pierrot e uma arma. Coloca a máscara no rosto. Breve silêncio, enquanto se observa.

ANTÓNIO – (suspira e fala sozinho) Foi um espectáculo lindo! Lindo… Lindo! (a repetição demonstra um certo desequilíbrio) Eu senti aquilo que muitas pessoas passam uma vida inteira sem ao menos saber que existe… Senti paixão! (emocionado, acaricia a sua própria máscara) Não podia ter despido esta máscara. Nunca! Por que é que eu demorei tanto tempo para descobrir que ela… Sou eu? (aponta a arma à cabeça e dispara. O seu corpo cai e a CAM fecha a cena focando o seu corpo deitado, próximo aos vestígios daquela foto romântica)


“GENÉRICO (ABERTURA COM CRÉDITOS) – Sugiro a música “It´s all so quiet” na versão de Bjork.

Cena 3 / Vários “takes” de uma paisagem urbana / Exterior/ Noite
Logo nos instantes iniciais, podemos ler a legenda: “UM ANO ATRÁS…” Em formato de videoclip, são apresentadas várias tomadas (takes) de multidões em diversas áreas urbanas: metropolitano, o trânsito infernal da cidade, etc. Cada indivíduo mergulhado no seu pequeno mundo interior, imerso na sua mediocridade. Em suma: uma paisagem urbana repleta de indivíduos, entre si, estranhos. O que não deixa de compor ao seu modo, uma espécie de solidão colectiva. Em off, podemos escutar a voz de Paulo (o nosso protagonista) que recita pequenos versos “Diz-se que a solidão torna a vida um deserto, mas quem sabe viver com a sua alma, nunca se encontra só. A Alma é um mundo! Um mundo aberto. António Feijó “Sol De Inverno”. Finda a citação, um novo clip (ao som de We´re all alone – Rita Cooligde) com imagens dos cinco elementos cruciais desta história. Cada um vivendo na sua solidão: Paulo adormece no chão, abraçado à sua cadela. Tânia (a virgem) diante de um espelho, com dificuldade em aceitar a sua imagem sexualizada (Está vestida da cintura para baixo, mas a nível do tórax, invés de um soutien, protege o peito com panos justos – numa forma de punição à própria sexualidade. Gonçalo (o padre) cumprindo rituais obsessivo-compulsivos (certifica-se que a porta da Igreja ficou realmente fechada). Pilar (a prostituta) caminha desnorteada pela rua. Começa a chover, e sua maquilhagem pesada cede. António (o sem-abrigo) faz de uns pequenos caixotes, a sua cama e adormece no beco de uma rua.
(…) Finda a apresentação, o capítulo passa a centralizar-se em Paulo, o primeiro elemento da misteriosa corrente (o primeiro que cairá na Canção Do Bandido). Conhece Guida, durante um passeio nocturno pela praia. Conversam, marcam novos encontros na praia, e num deles, a jovem convida-o para jantar. A próxima cena que vos apresentarei, regista o jantar dos dois.



Cena 31 / Sala de restaurante / Interior/ Noite
Paulo e Guida jantam num restaurante, à luz de velas. (Nota: não é imprescindível que a cena decorra num restaurante. Pode ser no apartamento de Paulo). O empregado de mesa serve o vinho e retira-se.

PAULO – (em tom de desabafo): Bem que o meu pai dizia, que neste mundo, só os homens práticos vencem. Não há lugar para os idealistas. Agora, eu vejo que ele tinha razão. Olha bem para mim! Um adolescente fora de horas, inundado de pensamentos inúteis. Um guionista da página em branco!

GUIDA – (sorrindo): Eu acho que tu adoptas essa postura de adolescente alienado só para fazer charme.

(Paulo não responde)

GUIDA – Não dizes nada?

PAULO – Talvez não tenha mais nada a dizer. Talvez eu não seja tão fascinante quanto tu imaginas…

GUIDA – Ainda não falamos sobre o mais importante. A razão pela qual estamos aqui: a forte atracção que sentimos um pelo outro, desde o primeiro instante em que nos vimos. (A CAM foca a troca de olhares entre os dois. Primeiros acordes de uma melodia romântica, que se estenderá até à cena seguinte)

PAULO – (sobrepondo a sua mão à dela): Conheci-te há tão pouco tempo e sinto como se te conhecesse há séculos. E se eu te convidasse a passar o fim de ano comigo? Só nós os dois… Aceitarias? CORTA PARA:

(…) Na cena seguinte, os dois caminham à beira-mar de mãos-dadas e fazem amor na praia. Guida coloca uma carta em seu bolso e pede-lhe que a abra apenas no dia seguinte. (…) Amanhece (…) Ele acorda sozinho na praia. Retira a carta do envelope, abre-a e lê em voz alta:

PAULO – “ Foi tudo um grande equívoco, Paulo! Esquece tudo o que aconteceu entre nós. Ou recorda apenas como um sonho: lindo, perfeito, inesquecível mas impossível como a maioria dos sonhos. Em breve, receberás uma nova carta. PS – Bem-vindo à “Canção Do Bandido”. Não fujas da corrente. Ela escolheu-te. Agora pertences a ela.

A CAM foca o olhar transtornado de Paulo. A imagem congela. CORTA, FINAL DO 1º CAPÍTULO.



"A Imagem congela": assim termina a amostra do 1º episódio da série escrita por Rui Alves. Será que os leitores do blog vão congelar a sua participação neste concurso ou um simples episódio já deu para aquecer a criatividade de todos?

As respostas, essas, só as teremos depois de descobrir as surpresas que cada aprendiz reservou para nós. Amanhã (Terça-Feira) voltamos a abrir a gaveta d' "O Mestre" e a tirar de lá mais um jovem talento. Não acredita? Está escrito!!!