main
main

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

"Não me sinto uma aposta da TVI" [Exclusivo]

Boa noite a todos, mais uma vez. Como lhe confidenciei ontem, regresso hoje com mais uma grande conversa. O convidado de hoje viu, em poucos meses, ser assassinado pela Morte e regressar aos anos 80. Estes são dois dos temas desta entrevista que Renato Godinho nos deu, em exclusivo, ao Mais TVI. O homem que "confessa gostar muito de entrevistas" falou ainda sobre o Natal, que será o primeiro com o seu filho. Leia tudo... agora!



Dúlio Silva: Boa noite, Renato. Obrigado por ter aceite o meu convite para conversar, em exclusivo, para o Mais TVI. Os seus projetos em televisão passam, essencialmente, pela TVI. Como é fazer parte desta grande família?
Renato Godinho: Na verdade os meus trabalhos em televisão nos últimos 10 anos foram todos para a TVI. É normal que se estabeleça uma ligação emocional. Mas também é verdade que neste meio as ligações emocionais são muito suigeniris e tendem a ser desiquilibradas. Tenho tido a sorte de haver pessoas na Plural e na TVI que gostam do meu trabalho.

DS: Qual o projeto que mais lhe deu gozo participar? Porquê?
RG: Presumo que me esteja a perguntar qual o projeto para a TVI que fiz que me deu mais gozo. Vou destacar 3, se me permite, por razões diferentes: Um "Casos da Vida" chamado "Pecados de Família", em que interpretei um jovem que maltratava o pai (Luís Alberto). Este projeto deu-me muito gozo fazer, porque foi feito em muitíssimo pouco tempo e era muito intensa a personagem, por isso exigiu um mergulho de cabeça e uma entrega total a pessoas com quem nunca tinha trabalhado e que conheci horas antes de começarmos a gravar; o "Remédio Santo", em que interpretei o Fernando, uma personagem com muita história e que teve um final interessantíssimo e muito bem tratato pelo António Barreira e pela coordenação do projeto (adorei o final do Fernando); finalmente, destaco a minha mais recente participação em "Anjo Meu", pela personagem muito engraçada que recebi e pelo ambiente extraordinariamente propício à criação de um trabalho de equipa.


DS: Teve a oportunidade de, num espaço de poucos meses, participar em dois projetos em simultâneo ["Remédio Santo" e "Anjo Meu"]. Como se sente ao ser uma aposta da TVI, entre uma vasta lista de atores?
RG: Muito sinceramente não me sinto uma aposta da TVI. Tal como disse anteriormente, tenho tido a sorte de algumas pessoas na TVI e na PLURAL gostarem do meu trabalho. Mas isto não faz com que me considere uma aposta da TVI. Sinto apenas que sou recompensado pelo meu trabalho, e tento retribuir com o meu empenho e dedicação.


DS: Anseia por ter um contrato de exclusividade? Pode estar para breve?
RG:  Essa é uma questão importante e que é praticamente tabu entre a "classe". Sim, gostaria muito de ter um contrato de exclusividade, não tenho problemas absolutamente nenhuns em dizê-lo. É uma situação que traz segurança, motivação e nos faz sentir parte de um projeto muito grande. Sinceramente não me parece que esteja para acontecer porque, como todos sabemos, os tempo estão para reduções e não para dilatações. De qualquer maneira vou continuar a trabalhar com afinco como tenho feito desde os 15 anos...


DS: Em "Remédio Santo", contracenou, por exemplo, com Simone de Oliveira, Almeno Gonçalves e Sílvia Rizzo, pessoas com grande experiência na representação. Como se sente ao poder trabalhar junto deles?
RG:  Eu sou da escola do Mestre Avilez, por isso as minhas raízes estão seguras na "velha" escola. Sinto-me muito bem rodeado de pessoas cheias de experiência, história e talento. Trabalhar com a Sra. D. Simone de Oliveira foi tão bom como ter trabalhado com o Sr. Artur Agostinho. Pessoas que nos marcam pela riqueza pessoal, pelo património que carregam, e que nos dão vontade de aprender cada vez mais. Tenho muito respeito pelos colegas com quem partilho o amor e o respeito pela profissão. A Sra. D. Simone é uma dessas pessoas.


DS: Deu vida a Fernando na trama de António Barreira. Quais eram os aspetos positivos e negativos desta personagem?
RG: Bom, é sempre complicado falar desta maneira simplista das personagens. Mas o Fernando tinha poucos aspetos positivos, fruto de uma profunda falta de afeto que o acompanhou durante a sua vida. Destacaria a sua ambição e a intransigência em defender o bom nome da família. Negativamente, talvez destaque a cobardia, a falta de princípios, e obsessão desmedida pelo irmão.


DS: Foi vítima da Morte. Como foi receber a notícia de que abandonaria a novela mais cedo do que esperava?
RG:  Foi uma notícia muito difícil de receber, porque estava a gostar imenso de fazer a novela e também porque fiquei a saber que um trabalho que era suposto durar 9 meses, ia afinal durar 6. Tudo isto me revoltou na altura, mas depois, quando percebi que o fim da personagem nada tinha a ver com a minha prestação como ator, e depois de ver que o final da personagem ia ser marcante na novela e muito desafiador para mim enquanto ator, fiquei feliz.


DS: Já em "Anjo Meu", o Renato dá vida a Aristides. Como foi entrar a meio da história da novela de Maria João Mira?
RG: Foi muito fácil. Tudo por culpa de uma equipa absolutamente fantástica que tive a sorte de encontrar. Fui recebido de uma forma espectacular, senti-me imediatamente em casa, e não uma visita. A qualidade da personagem também ajudou muito. O núcleo de atores com quem mais contracenava também foi óptimo. Foi uma experiência que adorei. Pena terem sido só 3 meses...


DS: Terminadas as gravações, já recebeu um convite para um próximo projeto?
RG:  Não. Neste momento não tenho convite nenhum para trabalhar em televisão. Vou estrear um espetáculo em Fevereiro que também estou a produzir: CLOSER, no Casino Estoril.


DS: O Renato faz também teatro. Que diferenças maiores existem entre o teatro e a televisão? Qual prefere?
RG:  Bom, esta é a pergunta da praxe. Para não entrar nos clichés da resposta típica, vou responder com uma comparação musical: a diferença entre televisão e teatro é para um ator a diferença entre gravar um álbum em estúdio e depois dar um concerto. Será sempre mais excitante e mais compensador "existirmos" ao vivo, em direto, e sem recuos. Gosto muito de fazer televisão, da urgência do momento. Mas o Teatro é, incomparavelmente, o que mais me preenche.


DS: Se pudesse escolher, qual seria e como era a sua próxima personagem?
RG: Não é um exercício que perca tempo a fazer. Espero que seja uma personagem interessante, numa história interessantes, partilhada com colegas interessantes.


DS: E a crise, Renato? Que opinião tem sobre este problema económico que Portugal e, em geral, a Europa sofre? A crise já chegou ao Renato?
RG:  Esta seria talvez a resposta que mais gostaria de desenvolver, mas acredito que não haja espaço/paciência para isso. Não da minha parte, mas da dos leitores. Digo apenas isto: a crise existe, mas por favor, levantem-se do sofá e mão ao trabalho. Reinventemo-nos.


DS: O Natal aproxima-se... Como vai ser o seu? E o ano novo, como será?
RG: O meu Natal este ano será, muito provavelmente, o mais importante e especial de toda a minha vida. Será o primeiro Natal com o meu filho que nasceu há 10 meses. Este ano sim, tudo faz sentido. A passagem de ano é uma noite horrível em que fico deprimidissimo porque percebo que não fiz metade das coisas que um ano antes tinha projetado fazer. É noite de balanços, de rugas, de história, mas também de futuro.


DS: O que deseja receber este Natal?
RG: Não quero receber absolutamente nada. Queria apenas poder proporcionar ao meu filho uma noite em que estivesse toda a família reunida, mas será difícil...


DS: E desejos, para 2012, há?
RG:  Há! Saúde para o meu filho, e muitos projetos que me tirem o sono e que me façam crescer.


DS: Como reagiu quando soube da saída de André Cerqueira da Plural? Põe em risco o futuro da ficção na TVI?
RG: O André foi, sem dúvida, uma peça muito importante no desenvolvimento da ficção na TVI. Conheci-o como realizador e é assim que prefiro lembrá-lo, porque adorei a experiência. Um excelente realizador. Não me parece que a saída do André ponha em risco a ficção na TVI. É um produto que dá a liderança à estção há alguns anos e não me parece que vá deixar de ser. De qualquer maneira, pelo que sei, o André manter-se-á ligado à Plural!


DS: A concorrência é uma coisa que assusta o Renato? Faz questão de acompanhar os produtos de ficção dos restantes canais?
RG: A concorrência é fundamental em todos os tipos de atividade e a televisão/ficção não é diferente. Mantenho-me atento, como é óbvio, mas não acompanho tanto como gostaria, porque costumo fazer teatro à noite, e porque ainda há algumas coisas que nem consigo ver, de tão fracas que são.


DS: A terminar, convido-o a deixar uma mensagem aos leitores do Mais TVI.
RG: A mensagem que deixo aos leitores é que continuem a acompanhar o nosso trabalho, porque são eles que dão sentido ao que fazemos, e que sejam espetadores exigentes, porque só assim nos ajudam a evoluir. Tenham um Natal santo em família e entrem bem no ano novo, com vontade de fazer coisas!


DS: Resta-me agradecer, mais uma vez, por ter aceite o meu convite. As maiores felicidades para o futuro e que novos projetos sejam um verdadeiro sucesso.



E é assim que termina mais um "Mais Conversa". As conversas continuam amanhã, com o jornalista Frederico Mendes Oliveira. Entretanto, saiba que há já mais entrevistas confirmadas... Está ansioso por descobrir quem são os próximos famosos a falar em exclusivo ao Mais TVI? Até já!
Dúlio Silva