Agora o MAIS TVI lançou o desafio a Nuno Paixão e a Sergio Brito (ex.concorrentes): escreverem um pequeno conto de Ano Novo que comece com "Faltavam apenas 5 minutos para brindar a 2012...".
Ainda faltam mais de 24 horas mas aqui fica o conto assinado por Sérgio Brito:
Faltavam apenas cinco minutos para brindar a 2012 e Matilde já não sabia o que fazer para se entreter. Os últimos segundos do ano estavam a demorar a passar! Olhou à sua volta e tudo lhe pareceu estranho. Sim, aquela era a sala de estar da casa de Eduarda, sua prima, mas com tanta confusão de luzes, música, pessoas divertidas a dançar, jovens sorrindo a conversar e a beber,… Estava irreconhecível!
Como em todas as festas, também nesta havia um fantasma, uma pessoa que ninguém conhece ou todos fingem não conhecer, que fica sentada junto à porta esperando que alguém saia para, também ela, ir embora.
“Nesta festa o fantasma sou eu”, aceitou Matilde.
Era o primeiro Revellion que passava longe da família. Tinha voltado a Portugal três meses antes para ingressar na faculdade e, como tinha aulas logo no dia 2, não se justificava viajar para passar o ano com os seus.
Fitou de novo a sala. Todos olhavam para os telemóveis. Faltavam 3 minutos para as 24:00. A contagem decrescente estava prestes a começar.
Matilde fechou os olhos por um instante. Depois, levantou-se e dirigiu-se à porta.
“Matilde! Matilde!”
Agarraram o ombro da rapariga e ela parou. Voltou-se e identificou quem a chamava, a prima.
“Vem. Vou-te apresentar aos meus amigos!”
Matilde seguiu Eduarda sem responder. Palavras para quê? Aquele era o seu desejo desde o início da festa… Pararam em frente a um grupo de rapazes todos com um copo quase vazio na mão.
“Meninos, esta é a Matilde, minha prima. É descomprometida, por isso podem começar a fazer fila para a conhecerem…”
Os rapazes riram à gargalhada.
“Eduarda, tem dó de nós. Achas que queremos curtir com o Patinho Feio?”, declarou um dos rapazes.
“Só se estivesse mesmo desesperado…”, replicou outro rapaz, entre risos.
Matilde começou a chorar e correu sem destino, embatendo em garrafas, móveis, pessoas, sem se importar. Nunca fora tão humilhada. Não aguentava mais estar naquele lugar, tinha de sair dali imediatamente. Dirigiu-se para a entrada, tropeçou numa garrafa e caiu junto à porta de entrada. Toda a sala parou e olhou para ela. Segundos depois já todos riam baixinho.
Eduarda aproximou-se sorrateiramente da prima.
“Matilde…”
“Sai daqui, deixa-me em paz! Nunca te vou perdoar!”
Instintivamente virou a cara para o outro lado e… Viu uma mão estendida para a ajudar. Hesitou em agarrá-la. Tentou levantar-se sozinha mas não conseguia. O chão estava escorregadio e o seu pé começava agora a doer-lhe.
“Podes confiar em mim”.
Ao ouvir estas palavras, Matilde não teve mais medo. Agarrou a mão e, em segundos, estava em pé, cara a cara com um dos rapazes mais bonitos que já tinha visto. O seu coração começou a bater fortemente; as suas mãos começaram a suar; a dor que sentia no pé desapareceu…
“Estás bem?”, questionou o rapaz.
“Melhor que nunca”, pensou, mas não teve coragem de o dizer. Apenas acenou afirmativamente com a cabeça.
“Vem, vamo-nos sentar”.
O rapaz avançou, continuando a segurar a mão de Matilde. Ela acompanhou-o sem problemas. As dores tinham de facto desaparecido após ter tocado aquele rapaz. Seria ele um mágico curador?
Iniciou-se a contagem decrescente: Dez! Nove!
O rapaz parou.
“Fecha os olhos!”
Matilde ficou confusa.
“Porquê?”
“Para pedirmos os desejos de Ano Novo, claro”.
Matilde fez como o rapaz lhe ordenou. Sentiu-o aproximar-se dela, sentia-o a poucos centímetros de si, sentia-se nas nuvens… Não sabia quem era o rapaz, nem o que fazia, mas a seu lado sentia-se bem, segura. Ali, assim, sentiu um impulso forte para…
Quatro! Três! Dois! Um!
Não resistiu mais: Beijou-o! E sentiu réplica do outro lado. Toda a sala parou a olhar para os dois. O champanhe esperou uns segundos para ser aberto. Ninguém acreditava que a rapariga apática e feia que estava sozinha desde o início da festa, estivesse a beijar o Gerson, o rapaz mais bonito do grupo.
O beijo parou, a rolha do champanhe saltou, a música voltou. O novo ano tinha, de facto, começado.
“Feliz Ano Novo!”, exclamou Gerson ao ouvido de Matilde.
“Vai ser, com certeza”, declarou Matilde, antes de…
PUM! Matilde sentiu a sua cabeça bater na parede que estava por trás de si. Olhou à sua volta e a festa continuava. Olhou para o lado e não estava lá nenhum rapaz. Apenas a porta de entrada. Sim, continuava sentada junto à porta como há cinco minutos atrás. Tinha adormecido por uns momentos, tinha, de facto sonhado.
Olhou para o relógio. Eram 00.02. O novo ano começara enquanto ela sonhava. Seria um bom presságio?
Não sabia, mas mesmo assim levantou-se e, timidamente, começou a dançar. Podia não ser a mais bonita da festa, podia ser desconhecida, mas também tinha o direito de dançar, de festejar,… de se Divertir!
Ano Novo, Vida Nova?