Sónia e Ana estavam as duas a caminho de casa, Ana sabiam que ambas estavam a faltar às aulas, mas naquele momento o mais importante era o bem-estar da amiga. Pararam num jardim e sentaram-se.
-Queres que vá comprar uma garrafa de água ali ao café?
-Sim se faz favor... se não te importares. Toma tens aqui 1 euro, deve chegar.
-Não deixa estar eu pago.
-Ok, obrigada.
-Não saias daqui ok? Eu vou lá e volto num instante. Até já! Disse Ana dirigindo-se para o café.
Sónia estava agora sentada no banco do jardim, o mesmo não era muito calmo pois era mesmo no meio de uma grande rua. Á frente de Sónia passavam dezenas de pessoas, de todas as raças, cores e tamanhos. Aquela grande azáfama fez-lhe vir à tona dos pensamentos o caso do parque. Toda aquela felicidade à entrada, os quatro amigos reunidos enquanto os gritos de adrenalina, o riso das crianças e a euforia dos artistas lhes enchiam os ouvidos. Tinha tudo para ser uma grande noite, e se foi! Foi a noite que mudou a vida de cada um, estaria já o destino traçado, ou seriam eles que o traçaram? Sónia sentia-se traída, apesar de não poder negar que não estava contente pelo facto de Rui estar vivo, mas sentia-se traída por estar a sofrer e Rui não lhe ter revelado que estava vivo.
- Voltei. Disse Ana aproximando-se do banco onde Sónia estava sentada.
-Toma a garrafa de água, vai fazer-te bem. Tens aqui o troco e o talão.
-Obrigada. Desculpa lá, por te estar a meter nisto.
-Ora, somos amigas não somos. Então não te preocupes. Sabes, gosto muito de estar contigo a tua companhia é muito boa.
-Obrigada, também gosto muito de estar contigo. - Respondeu Sónia um pouco mais bem-disposta
-E então? Vamos às aulas, ou vamos para casa?
-Oh... com isto tudo esqueci-me das aulas. Desculpa, não estou com paciência, nem em muito bom estado para ir para a escola agora. Mas vai, tu, eu vou andando para casa.
-Não, eu não me importo de ir contigo para casa. É melhor ir contigo.
-Eu não fujo está descansada.
-Não foi isso que quis dizer...
-Eu sei, estava só a brincar contigo. - Disse ao mesmo tempo que sorria.
-E agora o que é que vais fazer em relação ao Rui?
-Não sei, isto foi tudo muito de repente, já nem sei no que ei de pensar. A minha cabeça está uma confusão. Por um lado claro que estou feliz, por ele estar vivo... mas por outro estou tão magoada por ele não me o ter dito.
-Ajuda-me por favor... o que ei de fazer agora?
-Desculpa Sónia, mas não sei como é que te posso ajudar. Mas com o tempo, vais ver que chegas lá, e tomas uma decisão.
Joana está em casa, e continua preocupada com a irmã. Está indecisa em se há de lhe ligar ou não. Quando entra Alexandre.
-Então querida, tudo bem?
-Estou aqui um bocado indecisa se ei de ligar à Sónia ou não. E contigo?
-Normal, eu acho que deves deixar de ligar um bocado às birras da tua irmão. Ela já é crescida, portanto sabe o que faz.
-Alexandre, mete uma coisa na tua cabeça. Ela pode ser crescida, mas não é por isso que me vou de preocupar com ela. Percebes?
-Ok, ok! Percebo... - Respondeu com uma cara de enjoado.
-Querida? Querida despache-se estamos atrasados. - Gritava António, à espera à porta de casa.
-Calma querido, estou só a acabar de por o perfume. Pronto... que tal estou?
-Maravilhosa como sempre... agora vamos embora.
-Ai, tanta pressa para quê homem...
Já no carro, e a caminho do restaurante Rosália questiona:
-Querido, eu estive aqui a pensar. E não será um pouco mau da nossa parte, irmos jantar fora enquanto o Ricardo está no hospital?
-Oh querida, não se preocupe. Ele está bem, vai ver que amanhã o médico já lhe dá alta e ele já está em casa a jogar no computador.
-Pronto, se está assim tão confiante, vamos lá jantar. Aiiii querido, nem sabe a última... lembrei me agora e tenho de lhe contar antes que me esqueça.
-Chiça mulher, que me ia dando uma coisinha má, mais um bocado até capotava com o carro, com o grito que deu. Diga lá que coisa é essa tão importante.
-A partir de amanhã já temos uma nova criatura lá para casa.
-Está grávida? - Disse António especado.
-Não... temos uma nova empregada.
-Há... que bom... finalmente uma empregada nova. - Respondeu ainda assustado.
-E sabe outra coisa? O nosso vizinho da vivenda ao lado é muito mal educado, ainda hoje fui lá a casa com uns biscoitos, não foram feitos por mim claro, agora ia sujar as unhas só por causa do homem... e pedi-lhe para me limpar as janelas lá de cima. O homem olhou-me com uma cara, e pôs me a andar dali para fora. Já viu que falta de respeito? Quer dizer, eu gasto o meu dinheiro e o meu tempo a comprar biscoitos, para o ranhoso comer... e ele manda-me dali para fora, e nem disse obrigado. Para a próxima, já sei. Levo uma garrafa de cerveja... ou se calhar não vai ser preciso, porque amanhã temos uma empregada nova. Disse batendo palmas.
-Então Joana, não te vens deitar? - Perguntava Alexandre.
-Já estou a ir... - Respondeu chegando ao quarto e deitando-se. Pronto, já estou aqui!
-Eu estive aqui a pensar, e o que é que achas de esta noite esquecermos os nossos problemas e namorarmos um bocadinho? O que é que achas?
-Hum... parece boa ideia. - Respondeu ao mesmo tempo que beijava Alexandre.
Os beijos foram-se multiplicando, os corpos juntavam-se cada vez mais, e a paixão era intensa. Eram apenas iluminados pelos raios de luz do pequeno candeeiro de cabeceira. Joana esquecia agora os problemas, e era a única altura do seu dia em que estava feliz.
Rosália e António estavam também sentados à mesa do restaurante. A jantar à luz das velas. Apesar do trabalho, dos problemas e de todas as coisas que não estavam presentes naquele momento, eles estavam agora felizes. Mas estará toda esta felicidade prestes a acabar?
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