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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

O poder das palavras...[Feliz 2012]

2011 vai ficar para sempre marcado na memória dos 16 aprendizes que se aventuraram no concurso do ano no MAIS TVI! Durante várias semanas eles tiveram de provar o seu talento para a escrita para, assim, conquistarem o sonho de entrar para a Aproducons.

Agora o MAIS TVI lançou o desafio a Nuno Paixão e a Sergio Brito (ex.concorrentes): escreverem um pequeno conto de Ano Novo que comece com "Faltavam apenas 5 minutos para brindar a 2012...".

Depois do Sérgio é altura de conhecermos o conto do Nuno:


Faltavam apenas cinco minutos para brindar a dois mil e doze quando o rasto lento da última onda lhe tocava as pontas dos pés. Em frente ao mar, João pensava em tudo o que poderia ter feito, tudo o que poderia ter conquistado ao longo daquele velho ano que em apenas cinco minutos daria lugar a uma nova etapa. Afastou-se da beira-mar e sentou-se na areia enquanto admirava o brilho do luar reflectido na agitada ondulação. Olhou para a casa atrás de si. Os gritos e as preparações começavam, era como que se ninguém notasse que ele não estava lá. Olhou à sua volta para todas as outras casas que festejavam aquela transição. A euforia era geral. Não compreendia, não percebia como alguém poderia festejar um ano que tantas tristezas, tanta perturbação havia trazido a todos.


Quando se preparava para abandonar os seus pensamentos, colocar um falso sorriso no rosto e festejar com os outros, um vulto que se aproximava, chamou-lhe a atenção. Os cabelos ondulantes ao vento eram prenunciações do aroma doce que aquele ser emanava a cada passo que dava, a cada lufada de ar que o ultrapassava. Parado, deixou-se esperar. Tal canto de sereia que o encantava, tal caixa de música que o embalava, estava petrificado. Abanou a cabeça e assim os seus pensamentos. No entanto, quando finalmente se ia juntar aos seus amigos, ouviu a mais doce melodia que algum dia tinha escutado.

– Se não te despachares perdes a meia-noite.

João virou-se. Os gritos acentuaram-se e as casas entraram em êxtase. Rolhas de champagne ouviram-se saltar por entre as várias festas. João sorriu nervoso.

– Parece que já perdi.

Das casas começaram a sair rapazes e raparigas totalmente descontrolados, que, numa corrida embaralhada, se dirigiam ao mar para o primeiro mergulho do novo ano. João e a rapariga mistério desviaram-se, abrigando-se numa duna a assistir à festa que se mudava das habitações para a praia.

– Não compreendo como é que alguém pode festejar o início do novo ano. Se para o ano não se mantiver esta tristeza, só pode piorar. – João sentiu que de algum modo, ambos estavam naquele momento na praia por sentir algo semelhante.

– E provavelmente vai piorar. – A rapariga sorriu.

João olhou-a nos olhos perdendo-se no azul que reflectia as ondas do mar. Se iria piorar, porque é que o sorriso dela anunciava total despreocupação.

– Não te assusta? – João continuava intrigado e confuso com a tranquilidade que aquelas pérolas azuis lhe transmitiam.

– Claro que assusta. A quem não assusta? – os dois ficaram em silêncio – Sabes que nem sempre os sorrisos querem dizer que está tudo bem.

– Mas pareces-me feliz… – João continuava curioso com aquela misteriosa rapariga, e apesar do barulho que se ouvia pela praia, nada os desconcentrava um do outro.

– E estou! A vida continua, e só continua uma vez… Ou a aproveitas, ou sentas-te eternamente a pensar, “e se…” ou “porquê a mim…”.

– De facto tens razão, mas aposto que para dizeres isso é porque tens uma alguém que te apoia, que cuida de ti, com quem te sentes protegida. – João fez uma pausa e olhou para baixo.

– Sim, sinto-me protegida. Protegida pela força interior e vontade de ser mais. – fez uma pausa e inspirou a brisa fresca que a maresia lhe proporcionava – Sabes, o meu pai era pescador nesta praia. Houve um dia que a minha mãe o quis acompanhar e foram os dois para o mar, ficando eu e as minhas três irmãs em casa com a minha única avó. A meio da noite, uma tempestade virou o barco dos meus pais, e até hoje, apenas o barco deu à costa. – uma lágrima escorreu pelo rosto da rapariga que a limpou rapidamente.

– Desculpa, não sabia. Acredito então que esta época seja pior para ti, para as tuas irmãs e para a tua avó. Desculpa. – João posou a mão sobre a mão da rapariga que continuava com um sorriso no rosto.

– A minha avó também já faleceu. Dois meses após o naufrágio. Vivo apenas com as minhas três irmãs e cuido delas há um ano. – João lacrimejou, mas a rapariga limpou-lhe rapidamente o rosto. – A vida continua… Por mais tristezas, mais problemas e mais atribulações que tenhas na tua vida, lembra-te sempre que no mundo há alguém que precisa de ti forte e confiante. A vida é um momento efémero que deve ser glorificado e louvado todos os dias com o objectivo único de felicidade, a tua própria felicidade.

João estava sem palavras, apenas o sal que escorria nas suas lágrimas temperavam a face pálida e envergonhada do rapaz. A rapariga mistério estendeu-lhe a mão:

– Pronto para celebrar o início do novo ano com força e entusiasmo para agarrar uma nova etapa, por mais dura que seja? – João apertou-lhe a mão – Vamos ao banho!






Toda a equipa MAIS TVI deseja aos 16 aprendizes d'"O Mestre" um feliz 2012! Obrigado a todos por terem feito do ano que agora termina um ano muito especial neste blog.

A vossa história começa agora...