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sábado, 24 de dezembro de 2011

"Sou contra a privatização da RTP" [Exclusivo]

Boa noite a todos! Em noite de Consoada e a poucas horas de abrirmos os presentes, o Mais TVI dá-lhe um antecipado. Frederico Mendes Oliveira aceitou o nosso convite e falou sobre a sua profissão, o estado atual do jornalismo na TVI e a quadra que vivemos nestes dias difíceis de crise. Nada foi esquecido na conversa que pode ler a partir de agora!



O jornalismo:


Dúlio Silva: És licenciado em jornalismo na Escola Superior de Jornalismo do Porto. Depois de concluída a licenciatura, estagiaste na TSF. Como foi esta experiência e como surgiu esta oportunidade?
Frederico Mendes Oliveira: Durante a faculdade, na Escola Superior de Jornalismo,os alunos tinham que optar por uma entre três áreas de especialização: televisão, rádio e imprensa. Escolhi rádio porque desde sempre senti uma aproximação ao conceito sonoro e jornalístico da "telefonia sem fios".
A rádio surge em forma de estágio e porque o meu professor era um profissional da TSF, agilizando o meu processo de entrada.Foi uma experiência curta mas com frutos, que ainda hoje me fazem querer voltar um dia a este mundo.


DS: Apesar do estágio na rádio, preferiste a televisão. Como era um dia na rádio? O porquê desta escolha? Quais as principais diferenças entre a rádio e a TV?
FMO: Eu não escolhi a televisão.De certa forma a televisão escolheu-me.
Depois da experiência da rádio surgiu a oportunidade de seguir a minha fase de estágio na TVI. Não porque a tivesse procurado mas porque, enquanto estudante, teria que aproveitar todas as oportunidades que surgissem. Surgiu a TVI e por lá estou desde então.
As principais diferenças entre a rádio e a TV prendem-se com a forma como chegam ao público. A TV chega de uma forma mais direta, imediata e sem reservas. A rádio tem o seu lado mais romântico, somos nós ouvintes que vamos atrás do som, da informação.


DS: Como já referi, envergaste no mundo da televisão, onde ficaste como um dos responsáveis pelas madrugadas da TVI24. Como foi esta experiência?
FMO: Foi uma experiência muito complicada. Tinha acabado de chegar do Porto para uma nova cidade, para uma nova experiência e os horários foram sem dúvida a parte mais complicada.
A nível profissional foi o inicio de uma longa caminhada nesta nova função de pivô de informação. Apesar da violência dos horários, as madrugadas foram uma excelente escola.


DS: Como foi receberes formação do José Carlos Castro para pivô?
FMO: Foi muito bom. O Zé Carlos Castro é um ótimo profissional e surpreendeu-me no papel de professor. Tem um conhecimento profundo da matéria e a forma como a "passou" aos alunos foi de facto surpreendente. Conseguiu descomplicar algo que é necessariamente complicado para quem está a dar os primeiros passos.


DS: Deste numa entrevista a opinião de que "Talvez se houvesse menos licenciados ajudasse a melhorar um pouco a qualidade" do jornalismo. Continuas com a mesma opinião?
FMO: Sim, mantenho. Hoje em dia o mercado de trabalho (e não só no jornalismo) está sobrelotado de licenciados. A equação é simples. Mais profissionais, menos postos de trabalho = menos qualidade do empregado e empregador nas suas respetivas funções.


DS: Depois das madrugadas, e com a entrada de José Alberto Carvalho para a direção de informação da TVI, enfrentaste um novo desafio: a apresentação do "Diário da Manhã". Como surgiu este convite e como reagiste?
FMO: Fiquei muito surpreendido até porque estava ligado ao Desporto na TVI. Mas aceitei o convite Diário da Manhã consciente da dificuldade inerentes ao projeto. Quase 7 meses depois o balanço é muito positivo.


DS: Atualmente, como é o teu dia-a-dia?
FMO: Estar envolvido no projeto do Diário da Manhã obriga a grande sacrifícios pessoais.
Hoje em dia o meu dia começa as 4 da manhã. Por volta das 5 horas estou na TVI e as 6h30 inicio o programa que vai ate as 10h. Depois de sair de estúdio tenho sempre coisas para fazer na TVI e por lá fico até por volta do meio dia.


DS: Este convite para seres cara, juntamente com a Patrícia Matos, do "Diário da Manhã" aconteceu na altura duma mudança na informação da TVI. Notas diferentes métodos de trabalho entre a direção liderada agora por José Alberto Carvalho e a de Júlio Magalhães? Se sim, quais?
FMO: De facto a minha entrada no projecto DM aconteceu numa altura de mudanças na direção de informação da TVI. Tanto o Júlio Magalhães como o José Alberto Carvalho são diretores muito presentes no contacto com o jornalista e com a redação. A forma de trabalhar é necessariamente diferente entre um e outro, mas os resultados estão à vista. A TVI continua no topo também a nivel da informação.


DS: Como foi vista pelos trabalhadores a entrada de Judite Sousa e de José Alberto Carvalho na TVI?
FMO: Foi vista com naturalidade. O jornalismo, como na vida, é feito de ciclos. José Alberto Carvalho e Judite Sousa trouxeram formas diferentes de ver a informação na TVI, na forma como é tratada a apresentada. Penso que a adaptação a este nova metodologia de trabalho está a ser muito bem aceite por todos em Queluz de Baixo.


DS: Nestes últimos dias, foi noticiada na imprensa a saída de Júlio Magalhães da TVI para abraçar a direção do Porto Canal. Já há confirmações? Como está o ambiente na redação com esta saída (im)prevista?
FMO: O Júlio Magalhães é uma pessoa muito querida entre todos os profissioanais da TVI, por isso, a possivel saida do Juca é vista com tristeza. Mas como para já não existem certezas, preferimos esperar para ver.


DS: Anseias novos projetos na TVI ou na TVI24, como a apresentação doutro espaço informativo, com a visualização de mais espetadores?
FMO: Para já, e visto estar inserido no projeto Diário da Manhã há apenas 7 meses, não penso em mais nenhum projeto dentro do universo TVI. Estou concentrado em dar o meu melhor, até porque o Diário da Manhã é algo que exige muito do profissional. Meu, da Patricia, dos editores, dos jornalistias e técnicos.
São 3 horas e meia em que todos temos de estar no máximo para tudo correr bem.


A crise:


DS: Portugal inteiro sofre atualmente problemas económicos com uma grave crise. Qual é a tua opinião? É difícil dar este tipo de notícias aos portugueses?
FMO: Custa sempre. Até porque o jornalista, antes de ser pivô, é um ser humano que sofre as consequências da crise como qualquer outro cidadão. Na verdade, penso que os portugueses ainda não perceberam muito bem da crise que ai está e do que isso ainda vai implicar no futuro próximo. Penso que o pior ainda está para vir.


DS: Já sentes a crise? Em que sentido(s)?
FMO: Impossível não sentir. Como a sinto? Com menos dinheiro na carteira e com a certeza que vou ter de aprender o verdadeiro sentido da palavra poupar. Já estou a treinar neste Natal!! :)


DS: Com as medidas de austeridade impostas pelo atual governo, está cada vez mais certa a privatização da RTP. És a favor ou contra? Porquê?
FMO: Sou contra. Não existe mercado publicitário em Portugal que possa "viabilizar" a existência de 3 canais privados. A meu ver, o problema da RTP passa por uma visão diferente do que é "serviço público" e consequentemente na forma de gerir e gastar o dinheiro que é público, pago pelos portugueses.


Natal e Ano Novo:


DS: Estamos na quadra festiva mais acarinhada pelos portugueses e pelo mundo em geral. Como é o teu Natal?
FMO: Vai ser passado no Porto junto da minha família. Com uma curiosidade, visto não comer bacalhau, na noite de consoada a minha Mãe prepara-me sempre um bife com batatas fritas.


DS: E o teu ano novo, como será?
FMO: Para já ainda não tenho planos para o fim de ano. Mas não será nada de muito complexo até porque no dia 2 estou de volta ao trabalho e ao Diário da Manhã.


DS: O que pediste ao Pai Natal de presentes?
FMO: Deixo sempre as prendas à consideração do "Pai Natal"!
Adoro o fator surpresa. De qualquer forma, ao contrário do que acontecia quando era mais novo, hoje em dia adoro receber receber meias e pijamas. ;)
Fica a dica.


DS: Desejos para 2012? Existem?
FMO: Em tempos de crise eu acho que os desejos para 2012 têm de ser transversais a todos. E são apenas dois: saúde a Trabalho. Com estes dois, a crise, mais dia menos dia, está a emigrar.


DS: Sugiro-te agora a deixares algumas palavras aos leitores do Mais TVI.
Frederico, o meu muito obrigado pela entrevista! Feliz Natal e boas entradas!
FMO: Desejo a todos os leitores do Mais TVI um Feliz Natal e um Novo Ano cheio de trabalho , saúde e muita TVI de preferência!!


Quanto a si, é altura de lhe desejar um santo Natal! Regresso brevemente... Boa noite!
Dúlio Silva