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domingo, 25 de abril de 2010

2º Episódio

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Diogo continuava perplexo a ver a indiferença do amigo aos seus toques sucessivos e à sua tentativa de engate. Os olhos de Inês fixavam – se como pregos aos de Filipe e o clima tornou – se intenso.
- Men que tens? Que se passa? Fala!!


Todas as tentativas de desviar o olhar do amigo do de Inês pareciam em vão, mas não havia nada que um bom estalo não resolvesse.


- Eih! Que te deu? Passaste – te? – ripostou Filipe
- Ganda lata! Tu é que parecias uma múmia lá da China!
- Do Egipto! As múmias são do Egipto Diogo.
- Do Egipto, da China, da avenida da liberdade, é tudo o mesmo!


A confusão que se gerou entre os dois amigos fez com que o clima se perdesse e que Inês aproveitasse para fugir daquele momento estranho. A jovem professora percorreu o corredor em sobressalto e foi após abrir a porta da Sala dos Professores que finalmente disse algo:
- Um copo de água por favor!
- Eh lá! A senhora professora havia de ser um camelo! – assustou – se Madalena
- Desculpe?
- Ai nossa senhora dos Aflitos que meti a pata na poça! Eu não lhe estava a chamar camelo doutora! Eu estava só…
- Eu percebi, deixe estar! Arranje me o copo de água por favor.


O coração de Inês batia mais rápido que uma locomotiva mas a jovem ainda não tinha conseguido perceber o porquê de tal sentimento.
- Aqui tem o copinho professora!
- Obrigada!
- Passa – se alguma coisa não se passa? Olhe que a mim ninguém me engana. É por isso que não caso!
- Não se preocupe! São só nervos…
- Ui eu sei o que isso é! E a senhor professora vai ter de aturar aqueles monstrinhos do 12º não é?
- São assim tão maus?
- Uns diabos! Aqui entre nós que ninguém nos ouve: eu até acho que a doutora Natércia engravidou de propósito só para se livrar deles. Olhe que não era a primeira vez que uma professora fazia isso…
Inês preparava – se para responder mas o tempo de engolir em seco foi suficiente para que ecoasse por toda a escola o toque de entrada. Se antes o coração da jovem professora palpitava, agora saltava – lhe da boca!
- Bem eu vou indo!
- Boa sorte doutora!
- Obrigada mais uma vez.
- Doutora! – chamou Madalena – Se precisar de alguma coisa diga! Pode confiar em mim. A minha boca é um túmulo.
- Pois eu já percebi que sim – ironizou Inês
A porta fechou – se e Madalena soltou um novo comentário para si mesma:
- Túmulo é o que esta vai precisar! Dou lhe uma semana para se ir embora! E e….

Enquanto percorria aquele corredor, Inês lembrava – se da expressão “camelo” de Madalena. É que aquele corredor, agora vazio, mais lhe parecia um deserto. A jovem professora tentou abster – se de tudo o resto e concentrar – se na porta que agora tinha em frente. O barulho ensurdecedor trespassava a parede e os vidrinhos da porta pareciam tremelicar com tanta voz misturada.
Inês agarrara agora a maçaneta da porta e começou a rodar a sua mão trémula.
- Inês! – ouviu – Que medo! Pensei que não ia apanha – lá antes da sua primeira aula. Queria desejar – lhe um óptimo começo.
- Oh não era preciso preocupar – se Eugénia!
- Não não não! Faz parte da minha personalidade.
- Bem, ok, obrigada então! – disse Inês enquanto rodava de vez a maçaneta.


Os nervos com que estava fizeram – na entrar na sala e percorrer o curto caminho até à secretária. Inês sentiu o silêncio que se tinha feito na sala, mas preferiu não olhar naquele momento.
Pousou as suas coisas e virou – se para o quadro negro enquanto escrevia no mesmo a letras grandes: Inês Fontana. Naquele momento desejou mil vezes que o seu nome demorasse tempo a escrever. Mas o mesmo não aconteceu.
-Inês Fontana! Prima da Hannah Montana não? – disse uma voz rouca no fundo da sala.
- Rui Lemos! Primo dos Nemos não? – disse Inês com uma coragem que a própria desconhecia ter.
- Como é que ela sabe o meu nome? – disse Rui aos colegas sem se lembrar do chapéu que ainda tinha na cabeça gravado com o seu nome a letras garrafais. Dava – lhe estatuto, dizia ele!
- Bem – continuou Inês – como já todos devem ter percebido sou a vossa nova professora de Biologia.


Inês parou uns segundos e finalmente conseguiu ver a sala com olhos de ver. Era como as típicas salas de aula mas esta com uma particularidade: as paredes estavam todas autografadas sabe – se lá por quantas dezenas de alunos. Depressa sentiu um arrepio na espinha, mas a sua vontade em abraçar esta profissão falava mais alto. Foi então que decidiu progredir com a aula, ou então não…

- Rui se não te importas tira o boné da cabeça.
- Desculpe?
- Queres que repita? Se não te importas… - dizia Inês, mas a sua voz tenra foi atropelada por um barulho ensurdecedor.
Rui acabara de se levantar e arrastara consigo a pequena mesa onde antes se encontrava.
- Por acaso não está a dar me uma ordem pois não? É que não custumo obedecer…
- Então aproveita que estás de pé para sair.
Estas palavras de Inês soaram mal a si própria que sentiu estar a perder o controlo logo nos primeiros 5 minutos de aula.
No canto uma jovem de uma enorme beleza artificial comentava agora com as amigas:
- Esta não vai durar mais do que 1 dia nesta escola.
- Achas? – perguntava a outra
- Sónia a mulher é um bicho do mato. Deixa me falar baixinho porque se abro muito a boca a rapariga ate cai para o lado com esta brisa!
A risada foi geral. Mas quem não estava com boa disposição era Rui que continuava com ar matador fitando a jovem professora.
- De que estás à espera? – perguntou Inês
Antes não o tivesse feito. A raiva de Rui tornou – se incontornável e caminhava agora abruptamente em direcção a Inês.
O silêncio impôs – se naquela sala. Todos conheciam a personalidade de Rui. Ele odiava ser mandado e muito menos contrariado.
- Fecha a porta quando saíres – disse – lhe Inês
Mas Rui não estava ali para cumprir a ordem. Sem mais nem menos viu – se “obrigado” a agredir Inês no rosto. A jovem professora não aguentou a dor e a visão da sala começou a ficar cada vez mais escura…
- Tome professora. É um chazinho caseiro! Vai gostar… - ouviu Inês.

Lentamente abriu os olhos. Só se lembrava do rosto de Rui e de um silêncio medonho. Olhou à sua volta. Estava na sala dos professores. Mas havia um rosto à sua frente…

- Está melhor professora? – disse - lhe o rosto
Inês percebeu de quem se tratava. Era o jovem que estava na sala de convívio quando esta lá entrou pela 1ª vez.
- Sou o Filipe! – disse – lhe!
- O que me aconteceu? – perguntou Inês ainda baralhada
- Olhe o que acontece a todas. – disse Madalena
- Eu e o meu colega Diogo… - disse Filipe apontando para o rapaz que se encontrava a ler calmamente um jornal sentado num dos sofás da sala – chegamos atrasados à aula e quando abri a porta só vi a stora a ser agredida e só tive tempo de a agarrar para que não caísse no chão.
- Pois pois. E agora que o herói já trouxe a princesa ao palácio, vai dar meia volta e vai se embora – figurou Madalena que estava aflita para colocar Filipe e Diogo fora da Sala dos Professores, que não lhes era acessível por direito – E pelo caminho leva ali o cavalinho andante!
- Deixe – os estar Madalena. Os miúdos foram simpáticos – disse Inês
- Mas era o que mais faltava. Aqui é cada macaco no seu saco.
Filipe continuava com os olhos postos em Inês e Diogo entretinha – se com as novidades futebolísticas.
- Não ouviram? Quero – os fora daqui agorinha mesmo! – atacou de novo a empregada
- Caraças! O raio da mulher não se cala… - disse Diogo
- Bem nós vamos indo! As coisas já estão fora de controlo né menino Diogo?
- É é! Eu também acho! – disse Madalena
Diogo saiu furtivamente da porta e Filipe seguia – lhe o passo quando:
- Filipe! – chamou Inês
- Diga professora.
- Não voltes a chegar atrasado à aula! – disse Inês enquanto lhe piscava o olho
- Ok ok! Prometo!
O sorriso de Filipe não era normal, muito menos com o pessoal docente. Mas a relação do jovem e da professora estava a ser diferente. E ele já se tinha apercebido disso...



NO DIA SEGUINTE:
- Posso? – perguntou Eugénia a Inês que tomava o seu café matinal sentada numa das mesas da sala dos professores.
- Força!
- Já soube o porquê desse olho negro.
- Ai já?
- Claro! Toda a escola o sabe.
Inês pousara a pequena chávena de café. Como era possível que algo se espalhasse tão rápido?
- E é sobre isso mesmo que eu quero falar consigo – continuou Eugénia
- Diga!
- Eu estive a falar com o professor Emanuel, director desta Escola, e ele achou por bem que eu a fosse acompanhar, a si, nas próximas aulas com o 12ºH.
- Desculpe? – Inês ouvira claramente o que Eugénia acabara de dizer, mas não queria acreditar no que lhe era proposto naquele momento. Obrigar uma professora mais velha a dar aula conjuntamente consigo era o mesmo que lhe declararem insucesso apenas com uma prova prestada.
- Foi o que ouviu. A Escola da Torre tem princípios que devem ser mantidos. E não podemos arriscar que aconteça algo de mal à professora Inês. Para já foi só um olho negro. E depois? Uma perna partida? Tem a consciência do que se pode criar se isto for para a imprensa não tem?
- Eu compreendo Eugénia. Mas não posso aceitar! Esta é a minha profissão. Ok, as coisas correram mal ao inicio, mas vão ser diferentes agora. Foi só a minha primeira aula. Eu não acredito que a Eugénia tenho tido uma aula de sonho quando se estreou no Ensino!
- Acredita mesmo nisso que está a dizer?
- Ninguém acreditava que o Armstrong iria chegar à Lua. E o certo é que esteve lá!
- O seu orgulho vai acabar por lhe trazer problemas. A si e à escola que representa.
- Acredite em mim Eugénia. Eu consigo sozinha!
- Como quiser – disse a professora de Matemática levantando – se – Mas só lhe faço um aviso: é bom que não aconteça mais nada de grave porque nesse caso a culpa vai ser inteiramente sua.
- Eugénia ouça…Eugénia…


Já era tarde! Eugénia acabara de sair furiosa da sala do corpo docente da Escola da Torre. Inês estava entre a espada e a parede e o relógio marcava 10 minutos para o começo de mais uma aula que se avizinhava complicada. A professora voltou a sentar – se e engolia agora o resto do café, como se isso lhe desse força para vencer mais uma batalha. Subitamente lembrou – se de algo que jamais pensara antes: a batalha tornara - se dura mas pelo menos agora sabia que tinha um herói para a defender…



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("Aprender a ser Feliz" é um projecto piloto do MAIS TVI pelo que contamos com a sua opinião para sabermos o sucesso do mesmo)