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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Moniz confirma interferências do Governo


PSD considera que declarações de Moniz sobre a sua relação com o actual Executivo mostram de forma clara um "vício" de S. Bento de "intervir onde não devia"

O deputado social-democrata Luís Campos Ferreira afirmou ontem ao DN que "José Eduardo Moniz vem destapar de uma forma clara e transparente o que toda a gente desconfiava, que o Governo tinha o vício de interferir onde não devia". Esta reacção surge na sequência da entrevista ontem publicada pelo 24 Horas na qual o ex-director geral da TVI afirma que, "indiscutivelmente, este Governo é, de todos aqueles com que eu tive de lidar ao longo de onze anos, o mais complicado de todos".

O parlamentar do PSD, especialista nos assuntos relativos à comunicação social, lembra que José Sócrates já fez saber que perfilha o conceito de "liberdade de imprensa respeitosa para com o poder". Luís Campos Ferreira considera o testemunho de José Eduardo Moniz da TVI muito importante, visto que "sentiu na pele as tentativas de interferência".

Sobre esta questão, Moniz adianta na entrevista, feita pelo pivô da TVI Pedro Pinto, que "este Governo denotou um refinamento que nunca tinha visto". O agora vice-presidente da Ongoing defende que "para se estar no sector de media e no jornalismo tem que se estar preparado para enfrentar todas as consequências inerentes a isso", aludindo às "investidas dos agentes políticos" com o objectivo "de controlar e condicionar a actividade dos jornalistas". O ex-director-geral defende que "uma empresa de comunicação social tem que ser um bloco inexpugnável" e aponta as dificuldades financeiras como aspecto fragilizador.

O DN tentou ao longo da tarde, e sem sucesso, ouvir o PS sobre as palavras de José Eduardo Moniz. O ministro dos Assuntos Parlamentares, Augusto Santos Silva, não quis comentar a entrevista. Esta atitude contrasta com o que aconteceu noutras ocasiões. Em Fevereiro, durante o Congresso do PS em Espinho, José Sócrates desferiu um forte ataque à TVI e ao Jornal Nacional - 6.ª Feira, apresentado por Manuela Moura Guedes. E em Abril, em entrevista à RTP1, o primeiro-ministro afirmou mesmo que "aquilo não é um telejornal, é uma caça ao homem, um telejornal travestido, feito de ódio e perseguição". Estas afirmações levaram José Eduardo Moniz a reagir, no dia seguinte, na abertura do Jornal Nacional, anunciando um processo judicial contra José Sócrates por usar "processos de intimação de jornalistas".

A entrevista ontem publicada serviu ainda para Moniz falar dos projectos na Ongoing (ver texto ao lado), arrumar com o caso Benfica e lançar uma mensagem para a TVI, que "precisa de tranquilidade" para continuar o seu caminho.

in DN