Quando se estreou na pele de Diamantino na série juvenil da TVI depressa convenceu Portugal do seu enorme talento. Hoje dá vida ao Inspector Nuno de "Espirito Indomável" e é nosso convidado para mais uma grande entrevista exclusiva! Falo claro de Martinho Silva:
Já era um desejo antigo a representação, porém era distante a ideia de um dia vir a realizar-me como actor. Quando andava no 10º ano descobri uma escola profissional de Teatro no Porto e decidi abdicar dos estudos convencionais para me dedicar aos 3 intensos anos do curso de Interpretação.
O meu primeiro trabalho profissional como actor foi em 1998, estava eu no meu último ano de formação no Balleteatro Escola Profissional. Nessa altura, e como trabalhava essencialmente no Porto e a produção de ficção televisiva era muito limitada ou quase inexistente, a perspectiva fazer televisão ou cinema era muito longínqua. Entretanto passados alguns anos lancei-me à descoberta do mercado profissional na Capital e, aí sim surgiu a possibilidade de, além de outros trabalhos artísticos, fazer televisão. Gosto de ambos e de maneiras específicas. Acredito que uma área pode e deve complementar a outra.
Apesar de a sua carreira ter começado mais cedo, o povo Português conheceu - o melhor quando participou na 1ª série de Verão de "Morangos com Açúcar". Lembra - se do dia em que se iniciou nesse projecto? O que sentiu na altura?
De facto, o “Diamantino Chaves” ou “Diamond Keys” (como ele gostava mais de ser tratado pelo mulherio), foi uma personagem marcante nessa primeira série de verão dos MCA, e apercebi-me muito rapidamente que viria a ser um papel bastante acarinhado pelo público. É sempre muito gratificante trabalhar uma personagem cómica. Primeiro porque, sendo bem trabalhada, é sempre meio caminho andado para sobressair em qualquer trabalho, e depois porque me divirto imenso como actor.
Ainda hoje lhe falam do Diamantino da série juvenil?
Pelos vistos, foi uma personagem que marcou uma geração, porque ainda hoje me abordam na rua para confirmar se sou mesmo o “Diamond”
Actualmente podemos vê - lo na novela da noite da TVI, "Espirito Indomável". Como é, entrar a meio, de uma trama de tão grande sucesso, como há muito não se via? Aumenta a pressão sobre si ou, pelo contrário, dá - lhe mais conforto?
Foi muito agradável reencontrar amigos e regressar à TVI.
Mas a responsabilidade de desempenhar bem o meu trabalho é acrescida quando se entra a meio de uma novela líder de audiências e repleta de profissionais exemplares. No entanto, adoro a minha personagem e a equipa é excelente por isso foi muito fácil apanhar o ritmo da “carruagem”.
Se pudesse descrever a sua personagem, o Nuno, como o faria?
O Nuno é aquele tipo de personagem que o publico não sabe muito bem se há-de gostar ou detestar. A sua personalidade fria e muitas vezes azeda contrastam com a aura intensa de mistério que rodeia o seu passado, o que nos faz querer saber mais sobre este estranho Inspector.
Apesar de faltar muito pouco para a novela acabar, muita coisa vai ainda acontecer. É de esperar desenvolvimentos surpreendentes na investigação policial e também na aproximação à personagem Cláudia.
Tendo feito parte da novela, qual é para si a razão que fez com os que os Portugueses ficassem agarrados à trama?
Um dos grandes factores, a meu ver, prende-se acima de tudo com o ritmo alucinante da acção da novela que contrasta bastante com o das outras novelas, em geral mais paradas e repetitivas. Outro factor é o ambiente rural e a exploração das belíssimas paisagens, das características típicas de uma zona que pouco ou nada se conhecia. Por ultimo, acho que as pessoas quando assistem a uma novela querem ver estórias bem contadas e mesmo que por vezes o enredo toque a fantasia ao de leve, as pessoas querem acreditar no que estão.
Como é a reacção dos fãs na rua? Qual foi a cena mais caricata que ja viveu numa dessas abordagens?
Sou normalmente bastante descontraído e pouco atento aos olhares curiosos. Como interpreto um agente da autoridade, já me perguntaram muitas vezes se estou à procura ou se já apanhei os bandidos. É curioso ver como as pessoas vivem aquela realidade paralela da novela.
Se lhe dissessem que poderia escolher a sua próxima personagem, como seria?
Gosto que me desafiem. Se formos nós a escolher, a tendência será para irmos de encontro a um registo de interpretação mais próximo de nós próprios.
No entanto, gostava um dia de explorar uma personagem que tivesse uma exigência física muito grande, uma personagem com cenas intensas de acção ao estilo “Missão Impossível” onde pudesse ser eu a fazer as cenas perigosas.
O que é mais gratificante na sua profissão? E o que é mais negativo em ser actor?
O mais gratificante é não ter de lhe chamar “Trabalho”, já que o faço por prazer e sempre foi aquilo que quis fazer. O reverso da medalha é a precariedade e a intermitência. É não ter direito a subsidio de desemprego, nem de férias ou 13º mês. Mas o pior mesmo é pensar-se que os actores ganham bem e levam vidas de sonho, quando temos de fazer uma ginástica financeira gigante para poder sobreviver nos meses em que não recebemos nada.
Por último: tem algum projecto em mãos agora que terminaram as gravações de "Espirito Indomável"?
Neste momento o meu projecto chama-se Carolina, tem 3 meses e é a melhor coisa que me aconteceu. A paternidade tem-se revelado uma experiencia maravilhosa!
Entretanto vou repor um espectáculo no Teatro da Trindade no final deste mês que depois viajará até França para outra apresentação. Mais lá para Setembro estreio um outro espectáculo no Teatro Nacional D. Maria II...
O MAIS TVI agradece ao actor Martinho Silva pela simpatia e disponibilidade na realização desta entrevista exclusiva, e deseja - lhe as maiores felicidades tanto a nivel pessoal como profissional!
