main
main

domingo, 23 de maio de 2010

Ultimo Episódio


Bem longe da esquadra:
- Estou! Estou! – gritava Rui ao telemóvel – Diga professor! O que foi?
- Rui onde estás? – dizia Emanuel do outro lado
- Oh professor na casa de banho à sua espera. Onde acha que estou?
- Rui não é altura para brincadeiras. Ligaram da esquadra…eles já descobriram tudo…
- Desculpe?
- Eles já sabem tudinho! O nosso plano, as nossas cenas…Rui tens de sair daí e leva os gajos contigo.
- Só pode estar a brincar a comigo! Eu não vou a lado a nenhum. E muito menos a fazer de babysitter.
- Tu não estás a perceber…
- Estou sim! Estou a perceber que o stor tem 10 minutos para me vir entregar o dinheiro que me deve.
- Rui não é altura…
- Eu não sei se percebeu com quem se meteu professor! Você e a raiz quadrada podem ir até ao Japão comer arrozinho chau – chau. Mas não vão sem me entregar o que é meu por direito.
- Faz o que quiseres então…eu fui! – disse Emanuel desligando o telemóvel
- Foi você que pediu professor…foi você que pediu – disse Rui para si mesmo enquanto os seus olhos penetravam a fachada de uma casa abandonada onde se encontrava.

Enquanto, à porta da esquadra:
- Tragam reforços vá rápido! Não temos tempo… - gritava o agente
- Madalena como é conseguiu essa informação toda? – perguntava Inês
- Oh professora Inês. Já a minha tiazinha que deus tem dizia que se eu fosse rica ia ultrapassar lá o Instein da Fisica!
- Acredito Madalena. Ouça quando isto tudo acabar vou lhe ficar a dever uma…
- Ai oh doutora eu quero lá saber disso…eu gosto é desta emoção. Estes homens de farda a suar de um lado para o outro…
- Madalena!! – soltou Inês com ar reprovador
- Oh doutora vai dizer que não acha giro isto tudo?
Inês preparava – se para responder quando ambas foram empurradas para dentro do carro da Policia.
- Também temos de ir? – questionou Inês
- Não estava à espera que eu as deixasse por aí pois não? – respondeu – lhe o inspector ainda com ar carrancudo!

Enquanto tudo isto se passava na esquadra, no gabinete da Escola da Torre ultimava – se a fuga. - Falaste com ele? – dizia Eugénia enquanto arrumava apressadamente o material que lhe pertencia
- Falei…mas olha que queres que te faça? É um autentico puto!
- Desculpa lá! Isso quer dizer o que?
- Não interessa agora o Rui, Eugénia! Ouve – aproximou – se da professora e fitou – a no rosto – O que interessa agora é fugirmos para fora do país! Depois de atravessadas as fronteiras vai cada um para seu lado. Não podemos correr riscos…
- Tu não percebes pois não? E onde fica o nosso projecto? Onde fica o trabalho de 12 anos?? Tudo aquilo que me prometeste!
Eugénia tocava agora no peito de Emanuel e beijava – lhe a face.
- Para! Para! Eu sei que te prometi o mundo Eugénia. Mas agora está a nossa liberdade primeiro. Tu podes recomeçar a tua vida no estrangeiro! Não está nada perdido!
- Não, não, nãooooooooo! – Eugénia gritava a plenos pulmões enquanto corria sala fora.
Emanuel seguiu – lhe os passos.
- Eugénia! Eugénia pára! Eugénia vamos conversar! – gritava em plena maratona.
Foram correndo por entre os corredores da Escola despovoados já que o horário escolar estava mais que ultrapassado. Foi ao sair da porta que Eugénia parou e fitou de novo Emanuel:
- O meu pai avisou me sempre… - dizia Eugénia com as lágrimas a escorrerem – lhe pelo rosto.
- Eugé….
- Quietos!
A voz masculina fez parar instantaneamente os dois docentes. Lentamente olharam para o fundo da escadaria principal. Era Rui…
- Que lindo cenário! A fuga ideal…Ha Ha Ha! Onde é que vocês pensam que vão?
- Rui deixa – nos ir! Ouve vai ser pior para ti… - dizia Emanuel
- Sabe o que é isto professor? – disse o aluno retirando um comando semelhante ao da televisão do bolso – Um comando telecomandado!
- Não me parece que seja a altura ideal para brincar aos robots Rui – dizia Emanuel
- Robots? O professor sabe o que é isto na realidade? Este comando abre as portas de um carro automaticamente. Na na na…Não diga nada! Não acabei a explicação! Este comando abre as portas de um carro automaticamente que se encontra neste preciso momento em cima da linha de comboios…
- Deixa te de esquemas! Eu não tenho o teu dinheiro! Eu não tenho dinheiro nenhum….nunca tive… - revelava Emanuel
- Ui! Bem então nesse caso é melhor destruir o comando…Assim quando se ouvir o “Pouca terra pouca terra” vocês os dois vão ser culpados da morte de 2 inocentes. Ha Ha Ha Ha! – enlouquecia o aluno
- Eu estou farto de vocês todos! TODOS! – gritava Emanuel
- Oh amor não podes…dá – lhe o dinheiro! Vamos embora! – implorava Eugénia – Vamos juntos por favor…
- Larga – me! Como é que consegues ser tão burra?
Eugénia chorava como o céu em dia de tempestade e Emanuel enfrentava agora a sua própria fúria.
- Como é que tu pudeste acreditar no que te prometi? Tu eras só uma professora Eugénia. Olha para mim, olha para mim! Tu achas que um gajo como eu alguma vez ia olhar para uma cota como tu?
- Não digas isso…não…. – chorava Eugénia
- Eu só queria chegar aqui! Chegar à direcção da Escola. Mandar isto tudo abaixo e enriquecer com estes terrenos. Sempre foi o meu sonho…e tu o isco ideal! Amor platónico entre aluno e professora! Isso não existe minha cara…não existe…

O rosto de Emanuel metia medo até ao próprio susto. O ar pacifico e calmo do director da escola tornara – se um ar neurótico de doido varrido.
Eugénia rastejava agora pela escadaria da escola. E Rui permanecia de pé assistindo àquele espectáculo.
- Eu vou me embora! Foste tempo perdido! Foi preciso tantos crimes e tantas maldades para me dares aquilo que eu queria Eugénia. Vemo – nos no Inferno! – disse Emanuel que corria agora escadaria abaixo fugindo!
A raiva do director da escola nem o fez aperceber – se de que as sirenes da policia já se ouviam e que Rui aproveitara para se escapar.
- Onde tencionava ir Emanuel? – disse o inspector enquanto o amarrava pelas costas.
O director apenas abanava os braços tentando – se soltar.
Do outro lado da escola um agente trazia Eugénia, também ela amarrada!
- Podem sair – gritou o inspector para dentro do carro.
Madalena e Inês saiam agora do veiculo. A jovem professora encaminhou – se para os dois professores:
- Porquê isto? Porque me fizeram isto?
Por mais que tentasse não conseguiu arranjar respostas. O olhar que trocavam foi agora interrompido por um dos agentes:
- Há mais um que fugiu! O tal Rui, o aluno.
- Ele te…te…m os mi…mi…úd…ud..os… - gaguejava Eugénia
- Os miúdos? Que miúdos? – perguntava Inês enquanto agarrava a camisola branca de Eugénia - O Filipe e o Diogo. Foi tudo um esquema…ele vai os matar! – tremia Eugénia
- Mas a vossa maldade não acaba? – desta vez era o próprio agente que parecia perder a paciência como todo aquele cenário
- Não é altura inspector. Eles estão presos num carro na linha de comboios…o Rui tem o comando que abre o carro!
- Agora percebo porque é que a minha filha ainda acredita nos Monstros e Companhia! – dizia o inspector – Vamos! Levem esse tipo para a esquadra, nós vamos salvar os miúdos.
- Nós inclui quem? – perguntou Madalena
- Todos! Eu, os meus agentes e vocês as 3!
- Então vamos…não há tempo a perder – gritava Inês enquanto abria a porta do carro
- Inspector? – gritou a empregada
- Diga! – respondeu o inspector deitando a cabeça fora do veiculo
- Vai pôr aquela buzina engraçada não vai? Aquela dos filmes! Ai eu sempre quis viver aquilo…vá lá por favor…
- Realmente o seu sentido de oportunidade é uma coisa horrorosa – reclamou Eugénia
- A senhora nem fale comigo! Nem me dirija a palavra. Bini Lade de Lisboa! – resmungou Madalena
- Oh minhas senhoras não tenho tempo. Já para dentro do carro – bafejou o agente
Não tardaram 2 minutos que estivessem todos em frente à estação de comboios. O alarido foi geral e ninguém entendia o que se passava. Inês corria linha fora ignorando as recomendações dos agentes da Policia Judiciária. Madalena e Eugénia seguiam – lhe os passos enquanto trocavam entre si olhares de fúria e de medo!

Ao fundo Inês avistava o velho carro cruzado entre as linhas férreas.
- Está ali inspector. Está ali! – gritava empolgada
O inspector pegava agora no intercomunicador:
- Escuto! Quero que mandem parar todos os comboios da linha Norte – Sul imediatamente. Encontramos o carro.
Desligou!
- Sérgio vá chamar a Brigada de Minas e Armadilhas. Temos de conseguir mover o veiculo. – pediu ao agente que o acompanhava.
Neste momento já Inês estava encostada ao vidro do carro gritando pelo nome de Filipe e este dormia tal como Diogo. Rui tinha – os drogado antes de armar todo aquele projecto.
Foram mais de 15 minutos o tempo necessário para que Filipe e Diogo fossem colocados fora do carro e fossem assistidos por toda a equipa INEM presente no local.
Inês assistia ao longe…

Enquanto isto, Eugénia era levada para a esquadra e Madalena delirava descobrindo os truques do carro da Policia com o Inspector.
- Sabe uma coisa? Fui taxista durante 3 anos!
- Está a falar a sério? – questionava o inspector
- Como eu me chamar Madalena…
- E eu Jorge!
- Desculpe?
- Jorge! Chamo – me Jorge. Prazer!
Madalena via agora o primeiro sorriso do inspector da PJ. Talvez o final de todo aquele aparato lhe tivesse devolvido a boa disposição.
Do outro lado Filipe acabara de acordar. O aluno levantava – se agora. Empurrou os enfermeiros e fitou Inês a menos de 10 metros. Atrás dele Diogo ria ao lembrar – se do dia em que conheceram a professora de Biologia. O olhar entre o amigo e Inês parecia não ter mudado desde esse dia. Agora os dois fitavam – se mutuamente e nenhuma barreira podia quebrar aquele momento.
- Vamos para casa? – ouviu atrás de si
- Pai? – exclamou Diogo!


UMA SEMANA DEPOIS
- Posso? – dizia Filipe enquanto batia com os dedos na porta do gabinete da direcção
- Entra entra!
- Já tinha saudades tuas…
- Eih! Fala baixo, podem ouvir e eu não quero – pedia Inês
Os dois cumprimentaram – se com um beijo na boca.
- Como estás? – perguntou Filipe sentando – se no cadeirão
- Bem…Tive a falar com a Eugénia ontem na prisão…Parece que o professor Emanuel foi internado. Estava a enlouquecer de dia para dia.
- E a raiz cúbica?
- Filipe não fales assim da tua professora de Matemática! Está melhor…vai passar uns mesinhos na prisão mas já deve estar cá no inicio do ano.
- E então? Não me vais explicar o que se passou?
- Oh pá curioso! – disse enquanto lhe apertava delicadamente o nariz – Não há nada para contar. A Eugénia foi professora do Emanuel. Apaixonou – se por ele, trocaram juras de amor e começaram a namorar às escondidas. Ela tinha o sonho de criar uma mansão neste sitio onde nasceu. E ele era herdeiro dos terrenos. Prometeu – lhe que juntos iam acabar com a Escola e criar a dita mansão. Mas no fundo o que ele queria era enriquecer com a destruição da escola. Acho que pretendia criar um empreendimento de luxo.
- Aqui no bairro? Isso não é normal pois não?
- O Emanuel nunca foi um aluno muito inteligente.
- Pois tou a ver…
Inês calou – se. Fitou Filipe uma vez e voltou – se para a Janela. O aluno levantou – se e aproximou – se dela:
- O que foi? Tens medo que aconteça o mesmo connosco?
- Não é isso…Ouve – voltou – se agora para Filipe – tu sabes que te amo! Desde o primeiro dia que te vi. Mas nós somos de mundos diferentes. Eu sou tua professora…
- E então? O amor vence tudo e todos!
- Não! Isso é um mito…Filipe o amor não é um conto de fadas. Exige muito mais que estar – se apaixonado. E nós…nós…não ia resultar! Tu estás a crescer, tens o futuro à tua espera…
- O meu futuro és tu Inês! Só tu!
Inês baixou a cabeça…Não tinha coragem para o enfrentar agora!
- Inês…nenhum amor é perfeito! Mas nós podemos ser felizes…só temos de tentar…
- Filipe o ano escolar acaba dentro de 2 semanas. Depois disso eu volto para Bragança. Nunca mais nos vamos voltar a ver…
- Eu vou contigo…eu posso ir estudar para lá também…
Inês tapava – lhe agora a boca com a mão.
- A vida é tão curta Filipe. Hoje estamos aqui felizes e amanhã estamos na Morgue do Hospital. Não podemos perder tempo com experiências. Tu és tão novo, tens tanto tempo para te apaixonares…
- Não! Nunca! Eu só te amo a ti Inês! O destino juntou – nos…
- O destino fez com que nos conhecêssemos. Que vivêssemos momentos de imensa ternura. Mas não disse que tínhamos de ficar juntos… A vida é assim Filipe!
- Mas….o destino queria que acontecesse alguma coisa… - insistiu Filipe
- Sim queria! E aconteceu! Cresceste…Aprendeste a amar, a acreditar em ti, deixaste as drogas, empenhaste – te na escola, deste valor à amizade…Tornaste – te um homem a sério. Pronto para a vida lá fora…
- Estás a dizer que foste apenas um incentivo?
- Fui uma ajuda Filipe…e tu a minha ajuda também! – disse encaminhando – se para a Porta que já se abrira…
-Inês – chamou Filipe – eu amo – te!
- Os teus pais se aqui estivessem iam ter orgulho em ti lindo!
Inês sairá finalmente do gabinete e Filipe olhava agora por entre a Janela onde a Lua parecia já nascer e sorrir a esta grande mudança.
De repente a porta abriu rapidamente:
- Ai desculpa, não sabia que tavas aqui.
Era Sónia…
- Não há problema! Vim só falar com a stora Inês
- E o que é que estavas a ver na Janela?
- Nada! – disfarçou Filipe
- Eih olha como a Lua está bonita hoje! Eu adorava ver a Lua quando estava com os meus pais…Tu não gostas de a ver? – perguntou Sónia
Filipe Sorriu!

Inês acabara de sair do portão. Descia agora a escadaria sem saber bem o que faria a seguir quando quase tropeçou num pequeno embrulho deixado ali à porta. Pegou nele. Trazia uma pequena folha de papel agarrada. Leu:

"Olá Professora!
Já soube que se vai embora para Bragança de novo. Eu fui hoje para França! Falei com uma tia minha e ela aconselhou – me uma clínica de desintoxicamento. Vou para lá durante uns mesinhos. Acho que a vida é muito mais interessante quando a vivemos sóbrios. E eu quero emendar tudo o que fiz no passado. Obrigado por ter feito parte da minha vida, embora eu acredite que nunca fiz parte da sua!
Beijos!
"

A carta não vinha assinada. Inês abriu o embrulho. Lá dentro estava um pequeno chapéu azul estampado com um nome a letras garrafais. “Rui Lemos”. Inês sorriu!
Com um salto sentiu a vibração do telemóvel. Atendeu!
- Estou? Quem é?
- Olá professorazinha!
- Madalena?
- Irreconhecivel não é? Sou eu mesmo!
- Então o que anda a fazer por essa Palma de Maiorca?
- Olha estou aqui debaixo de uma bananeira.
- Bananeira? – questionou Inês
- Sim Bana…oh esqueça! É Palmeira diz o Jorge! Para mim é tudo o mesmo. Olhe isto é um sonho, um paraíso… - gabava – se Madalena
- Ainda bem que está a gostar!
- E a professora como está?

Inês colocara agora o chapéu de Rui na cabeça. Desceu os últimos degraus e olhou para cima. Na 4ª Janela do 3º piso viu Sónia e Filipe aos beijos sobre o luar de uma noite que se avizinhava fantástica.
- Eu? Eu estou a APRENDER A SER FELIZ Madalena!

FIM
TEMPO DE ANTENA
O que achou do final da série do MAIS TVI?
O que achou da série do MAIS TVI no Geral?