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sábado, 22 de maio de 2010

Penúltimo Episódio

[Por motivos externos ao blog, "Aprender a ser Feliz" é postado mais cedo que o previsto]


Inês não conseguia perceber bem quantas horas tinham passado desde que entrara na esquadra da PJ mas o certo é que já lá estava hà bastante tempo. E nada! Nem uma palavra, nem uma explicação…A jovem professora ainda não percebia o que estava lá a fazer. Afinal não tinha cometido qualquer ilegalidade…


No gabinete da direcção da Escola da Torre brindava – se ironicamente aos mais recentes acontecimentos. Mas não era apenas Emanuel que festejava. Fazia – o com Eugénia e Rui.
- É estranho estar aqui a brindar com os stores
- Eu sei! Mas goza o momento pois não vai voltar a acontecer – dizia Eugénia
- Seja como for o nosso plano não podia ter corrido melhor Eugénia – festeja Emanuel – É desta que a escola da Torre vai ao charco.
- Achas que não aguenta a pressão? – perguntava lhe agora Eugénia indiferente aos brindes que Rui fazia contra a porta.
- Minha querida, depois de termos espalhado que a Natércia andava metida com um aluno e de termos prendido a Inês por tráfico de droga achas que vão permitir que esta Escola ande para a frente?
- Não sei não sei….A Natércia foi esperta ter inventado a história da gravidez para assegurar que isto não se espalhava mais pela imprensa. E se o Ministério se lembra de despedir a direcção?
- Não pode fazê – lo. Somos a melhor equipa que esta escola já viu. E o problema é a localização da escola. Está em pleno bairro social. Não pode continuar exposta a tantos perigos…
- Se tu o dizes Emanuel…Eu só sei é que 12 anos depois vamos conseguir finalmente recuperar aquilo que é nosso por direito! – ria Eugénia


Rui fitava os professores agora. Ok, estava há bastante tempo entretido com a porta automática do gabinete, mas ainda estava lá. E parecia que o tinham esquecido por uns instantes. Disse:
- Por acaso não se esqueceram de mim pois não? Eu estou – me a marimbar para os vossos planos de vilão Disney…Só sei que quero o guito que vocês me prometeram. Ou pensam que vou aguentar os outros dois muito mais tempo sem remuneração?
Emanuel tapava – lhe agora a boca. Apenas se ouvia o abrir e fechar da porta automática…Eugénia olhava para a mesma com ar embasbacado. Como é que era possível que um aparelho tão moderno pudesse estar tão mal feito. Há já uns bons 2 minutos que Rui deixara de brincar com a porta e ainda agora esta mantinha o ritmo alucinante do “abrir” e “fechar”. Os sensores tinham mesmo de estar avariados…
- Fala baixo! As paredes têm ouvidos e não era nada bom para ti que descobrissem o nosso outro segredo! – ripostou com Rui, Emanuel desviando a atenção de Eugénia.
- Esteja descansado professor. Estes seus segredos vão ficar melhor guardados que os mistérios de Fátima.
- Espero que sim! Espero que sim… - disse Rui saindo pela porta com ar furioso como se meio mundo lhe devesse e ninguém lhe pagasse.
Eugénia aproximou – se de Emanuel que bebia agora o resto de champanhe da própria garrafa, sentado à secretária.
- Se eu fosse a ti arranjava aquela porta! Ou comprava um disco riscado. Vai parar ao mesmo o barulho.
- Para que queres arranjos? Minha cara amiga, a Escola Da Torre já era! – finalizou Emanuel perante o riso de Eugénia.


No corredor da escola, o burburinho estava instalado. Há mais de 30 minutos que os professores estavam enfiados no gabinete da direcção e de Filipe ainda nem sinal. A morte de Diogo era conversa inevitável.
Pelo corredor passava agora Madalena. Parecia estar preocupada, algo totalmente normal naquele momento. Remexia num pequeno gravador como se tivesse a trabalhar com algo extraterrestre. Sónia passava agora pelo corredor e parou para cumprimentar a funcionária.
- Precisa de ajuda?
- Oh menina nem diga nada! Estamos perdidos! Perdidos!
- Esse gravador tem assim alguma coisa importante?
- Tem o mundo! O mundo… - disse enquanto corria apressada para a sala dos professores.
Sónia ficou sem entender patavina de nada.

Na esquadra, Inês desesperava entre uma máquina de água e um caixote do lixo ferrugento. Bem se era assim que tratavam os suspeitos, nem queria imaginar como eram tratados os culpados. A professora desesperava já com o ensurdecedor “Tic Tac” do relógio de cuco, até que um policia se aproximou dela.
- Inês Fontana?
- Sim sou eu! – disse levantando – se!
- Importa – se de me acompanhar ao gabinete?
- Senhor agente, eu só gostava que me explicassem o porquê de eu estar aqui!
- Pode deixar o teatro professora! – ironizou o agente
Os dois dirigiram – se para o gabinete. Inês sentou – se perante um homem calvo mas com ar astuto!
Disse – lhe o sujeito:
- Com que então não sabe o que está aqui a fazer?
- Não senhor agente mesmo!
- Nunca ouviu falar do Diogo Miranda suponho…
- Ouvi! É meu aluno!
- Era! – Inês ouviu aquelas palavras com tal frieza que se sentiu um gato tal era o arrepio que sentia na “espinha” – Morreu esta noite de overdose!
- E o que é que eu tenho a haver com isso inspector?
- Tudo! Foi a senhora que lhe vendeu a droga!
Inês percebia agora o titulo da noticia do Jornal do dia!
- Isso é mentira! Eu nem sabia que ele consumia!
- Recebemos uma foto sua a vender droga a uns alunos
- O quê? Ouça isso é impossível!
- Acredite que não! Foi um aluno seu que nos enviou a mesma…
- Não, não, não…
- Parece nervosa! Descobrimo – lhe a careca foi?
- Quem foi inspector? Quem foi que mandou a foto? Diga me por favor – Inês perdera o controlo de si própria. Desde pequenina que não suportava que a acusassem do que não tinha feito.
- Filipe Teles
Inês acabara de petrificar. Não podia ser! Não tinha lógica. Filipe? Porquê o Filipe? Não! O inspector tinha de estar enganado. Não! O Filipe não!
O inspector continuou:
- Filipe Teles, 18 anos! Enviou – nos a foto e já falamos com ele pessoalmente! Parece que não se vai safar doutora!
- Não é verdade! Não…não é…. – Inês não conseguia dizer mais nada. Os seus olhos estavam envoltos em lágrimas. Ela sabia que não era culpada e sabia também que Filipe não a podia ter acusado. Ele gostava dela…eles tinham – se beijado….Mas nem isso Inês podia usar a seu favor…
O choro incessante de Inês foi interrompido pelos passos largos de alguém que caminhava para o gabinete onde se encontrava. E não tardou muito para que se notasse uma silhueta por entre os vidros que cobriam a portinhola.
O inspector levantou – se e abriu a porta. Do outro lado estava um policia bem mais novo. Alto, de rosto magro e barba por fazer, o jovem segredou ao ouvido do inspector e depressa voltou para trás. O agente voltou a sentar – se mas deixara a porta aberta. Inês ainda não conseguira olhar para ele desde então…
- Aqui está inspector – ouviu Inês
- Entre entre! E sente – se ao lado da professora Inês. – ditou o inspector
O corpo de alguém tocou em Inês e a jovem professora não resistiu a ver o rosto da mesma.
- Boa tarde senhora professora!
Era Madalena. A empregada metediça da Escola da Torre estava agora ali ao seu lado. Mas porquê?
- Madalena? Aqui? – questionou Inês
- Esta senhora tem alguma coisa para nos dizer… - disse o agente
Madalena ignorou – o. Por seu turno agarrou suavemente as mãos de Inês, acariciou – lhe o rosto e disse: - Eu estou aqui professora! Vai correr tudo bem!
- A senhora importa – se de ser directa? – pediu o inspector
- A professora Inês não tem culpa de nada…
Inês sentia a respiração ofegante de Madalena e percebia agora o seu nervosismo. Mas não entendia o motivo. Que teria Madalena de tão importante para revelar?
- Ouça uma coisa: há macaquinhos no Zoo a precisar de companhia. Caso não tenha mais nada para dizer pode sempre ir fazer – lhes companhia – dizia agora o agente mostrando o seu ar de indiferença e mal estar
- Escusa de ser malcriado ouviu? – ripostou a empregada – A minha professorazinha não andou a envenenar ninguém com essas drogas ouviu? E eu…eu…Madalena Vaz de Magalhães Sousa, nascida e criada no Bairro de Alfama e sã cristã durante 14 anos na Paróquia de S. Miguel, tenho a prova!
- Ok eu já perdi demasiado tempo com vocês! Guarda! Guarda!! – gritava enfurecido o inspector.
- Tenha calma que eu esperei 9 mesinhos para nascer e mais apertadinha que o senhor, que a minha mãe sofria lá de uma doença. Nasci de cesoriania, pela barriguinha da minha mãe que deus tem!
- Chamou inspector? – disse o Guarda que acabara de chegar
- Chamei sim! Quero que leves esta senhora lá para fora e que depois encaminhes a professora Inês para a cela onde vai ficar.
- Eih eih! Tira a mãozinha de cima de mim. Eu vou pelo meu próprio pé. Mas não vou sem antes dizer uma coisinha – gritava Madalena agarrada pelo Guarda – Foram eles inspector. Foram eles…
- Eles quem Madalena? – Inês parecia ter acordado com tanta algazarra e começava a perder as esperanças. A empregada da escola entrara ali a dizer que tinha novidades e agora nada dizia… - Fala Madalena!
- Oh professorazinha…O que lhe foram fazer…Aquela gente é de muito mau feitio. Haviam de arder no inferno enrolados com gesso. Foram eles professora…eles…o professor Emanuel e a Eugénia. E mais aquele aluno o Rui, o dos murros!
- A senhora não está a dizer coisa com coisa. Se não se importa retire – se – bafejava o agente
- Não não! Espere inspector. Não a levem já! Madalena diz me o que sabes!
- Professorazinha…Eu ouvi tudo atrás da porta, aquela automática que quase me denunciou…Eles querem acabar com a escola.
- Mas o Filipe denunciou – me…e o Diogo morreu Madalena…
- Eles estão bem doutora! Acredite em mim…O menino Diogo está vivo. São eles que o têm…Aquilo é o horror em pessoa…acreditem em mim por favor…
Madalena implorava que a deixassem ficar fincando os pés no chão mas o Guarda depressa se encarregou de a empurrar para fora da porta.
- Porque é que não a deixaram acabar? – perguntava Inês
Mas a sua questão foi interrompida quando se ouviu por toda a esquadra as vozes de Eugénia e Emanuel. Inês não podia acreditar…aqueles que Madalena dizia serem os culpados estavam ali no mesmo lugar que ela.

O agente aproximou – se da porta e abandonou a sala esquecendo – se de que guardava lá Inês. A jovem professora aproveitou para sair e encaminhou – se pelo estreito corredor. Chegada à sala de espera encontrou o corpo policial todo presente e Madalena no centro, ainda agarrada pelo Guarda, e com um micro gravador na mão cujo volume deveria estar no máximo. Todos puderam ouvir a conversa entre Emanuel, Eugénia e Rui…O agente estava neste momento impressionado com todo aquele espectáculo e Inês não queria acreditar…
- Eu não vos disse? – dizia Madalena quebrando o silêncio – Valha – me o meu Santo Ambrósio!

TEMPO DE ANTENA

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