António continua a seguir Alexandre. O seu objectivo não era fazer-lhe mal, mas sim impedi-lo de voltar a vender droga a Ricardo.
-Tu vais pagá-las seu sacana... tu vais pagá-las. - Disse António, furioso com a situação.
Sónia, estava agora a ir para casa, Rui acompanhava-a. Era tão bom, finalmente abraçá-lo, beijá-lo e sentir o cheiro do seu perfume. Sónia, não queria que aquela noite não acabasse. Chegaram à porta de casa de Sónia, esta abriu a porta e os dois despediram-se com um beijo apaixonado.
-Até amanhã.
-Até amanhã, amo-te. - Disse Rui
-Eu também te amo. - Disse Sónia com um enorme sorriso.
Rui foi-se embora e Sónia fechou a porta de casa.
-Alexandre? - Gritou na esperança que o rapaz ali estivesse.
Não obtendo resposta dirigiu-se à cozinha, para ir buscar um copo de leite.
Rui à saída do prédio, cruzou-se com Alexandre. Apesar deste lhe ter reconhecido, não ligou. Chegou a casa, abriu a porta.
-Alexandre és tu? - Perguntou Sónia, porém não obteve resposta.
Com medo, Sónia pegou no telemóvel e telefonou para Rui, na esperança que ele ainda estivesse perto de casa.
-Estou? Estou Rui? Olha, eu não sei o que se passa, estou aqui na cozinha e ouvi um barulho estranho. Vem para cá por favor. Despacha-te!
-Sim, ok! Eu vou já. Tem cuidado. Eu vou já para ai.
De repente, Alexandre agarra nos cabelos de Sónia, esta soltou um berro que assustou Rui ainda mais. Depois Alexandre tapara-lhe a boca com a mão. Sónia, em pânico tentou fugir.
-Sónia? Sónia estás ai? Não obtendo resposta, foi a correr para casa de Sónia.
-Então sua cabra, e agora? Ah? E agora? Vais chamar pela tua irmãzinha é? Ou vais chamar pelo teu queridinho?
-Porque é que estás a fazer isto Alexandre? Que mal é que eu te fiz? - Perguntou desesperada.
-A mim? A mim não me fizeste nada, fizeste foi a minha irmã Ana sofrer, sua cabra de merda.
Naquele momento, Sónia estava perplexa. Não fazia a mínima ideia que Ana era irmã de Alexandre.
-Mas eu não tive culpa, eu não tenho culpa de não gostar dela.
-Cala-te otária! Cala-te! - Gritou tapando-lhe novamente a boca.
Alexandre abriu a porta de casa, e levou-a para o carro. O seu objectivo era nem mais nem menos, levá-la para o parque.
António, aproximava-se de Alexandre. Tinha a certeza que ele havia ido por aquele caminho...
Alexandre meteu Sónia, no banco de trás, entrou no carro e arrancou. Rui que acabara de chegar, viu o carro e desatou a correr António, também já avistara o carro.
Ao chegar ao parque, Alexandre entrou agarrando Sónia pela parte de trás do pescoço.
-Então, este sitio traz-te belas recordações não? - Disse com um sorriso.
-Cabrão de merda. Seu cabrão de merda, porque é que me estás a fazer isto. Porquê? - Gritava a rapariga desesperada.
Rui já havia chamado a policia. Mas não fazia a mínima, ideia que Alexandre a tinha levado para o parque. Num misto de recordações da fatídica noite, o ano que se passou e o amor por Sónia, Rui corria agora parque adentro, seguindo António que já ia um pouco adiantado.
Alexandre colocara Sónia no chão. Encostara-se ao muro, e começara-se a rir. Pegou no telemóvel e telefonou para Ana.
-Então maninha como é que isso vai? Olha, já fiz o servicinho que pediste. A cabra já está aqui sentada à tua espera.
-Obrigado Alexandre. Mas agora não me apetece olhar para a cara dessa gaja. Por isso vou ai amanhã.
-Então quer dizer que vou ter que ficar aqui a tomar conta dela?
-Sim, exactamente!
-Nem, penses eu não vou ficar aqui ao relento só porque tu te queres vingar da tua namoradinha.
-Alexandre, ou ficas ai, ou amanhã vamos ter uma conversinha séria. Por isso, ou ficas ai ou as coisas vão ficar ainda piores. Ouviste?
-Ok, ok. Também não é preciso falar assim.
-Estou? Ana? Estás ai? Ana? Desligou? Merda pá, estúpida. - A expressão de Alexandre mudara bruscamente.
-Ela não se vai ficar a rir. Ai não vai não. Estás tramada Aninha, estás tramada! - Afirmava Alexandre pegando no telemóvel.
-Estou? É da policia? Queria fazer uma denúncia de rapto. É que à pouco ouvi uns gritos na escada do prédio, e quando fui ver era uma rapariga que estava a ser raptada. O nome e morada? Sim claro que dou. Ora, bem. Ana Leitão Cunha, e a morada é Rua Vasconcelos nº 32 3º ESQ. Está feito? Ok, obrigado.
-Estás a ver como é que se fazem as coisas? Agora aquela traidora está na lama, e daqui a bocado tu também vais estar. - Disse apontando uma arma, à cabeça de Sónia.
-Preparada para morrer? - Perguntou num tom sarcástico.
De repente, António aparecia do meio da intensa escuridão que se fazia sentir. Atirou-se para as costas de Alexandre e gritou:
-Foge, filha!
Naquele momento Alexandre não sabia o que se passara. Será que ele lhe chamou filha apenas por expressão?
-Tem cuidado pai, tem cuidado! - Gritou Sónia que corria loucamente na direção oposta.
Agora Alexandre tinha a certeza de uma coisa. Sónia era filha de António.
Em casa, Ana estava farta de estar no sofá a ver televisão quando lhe bateram à porta.
-Ana Leitão? Está presa por rapto. - Gritava o chefe João Mendes.
Ana ficara perplexa, vira logo que o irmão a tinha traído.
-Ana abra a porta. Abra a porta para seu bem! - Gritava o colega de João.
-Só vai piorar as coisas se tivermos que mandar a merda da porta abaixo. - Gritava novamente o inspector.
Vendo que não havia outra alternativa, e que iria ser presa Ana sem pensar duas vezes. Foi até à varanda do quarto e olhou a cidade.
-Encontramo-nos no inferno Alexandre.
Numa fracção de segundos, Ana inclinou-se através do corrimão da varanda e largou-se fazendo-se cair.
-Abra a porta Ana. É a sua última oportunidade.
Como esperado, João arrombou a porta viu através da porta do quarto que a porta da varanda estava aberta. Pensou logo no pior.
-Não, não acredito. Ela matou-se! Chamem uma ambulância, rápido! - Gritou
No parque António e Alexandre lutavam entre si. Até que António, encostou Alexandre a uma parede, pegou na pistola do rapaz e disse:
-Vendeste droga, ao meu filho e tentas-te matar a minha filha. Agora chegou a tua vez de sofreres um pouco.
-Não chefe não! - Gritou de desespero ao mesmo tempo que António apertava o gatilho.
-Vemo-nos no inferno Alexandre. - Disse António virando as costas e voltando para casa.
Sónia corria loucamente quando se deparou com Rui e o abraçou.
-Estás bem Sónia? - Perguntou o rapaz.
-Estou. Estou tão contente por aqui estares Rui.
-Ainda bem que estás bem Sónia. Vamos embora, vamos para casa.
António saíra pelas traseiras do parque. Pegou no carro, e foi para casa. Mal chegou a casa, gritou:
-Ricardo. Ricardo vem à sala já!
-Mas que gritaria é esta? - Perguntava Rosália ao sair do quarto.
-O que é que foi? - Perguntava Ricardo, em boxers e já na sala.
António agarrou no pescoço de Ricardo e encostou-o à parede.
-António, querido o que é que estás a fazer?
-O que é que estás a fazer pai?
-Tu andas a drogar-te? Tu andas metido nessas merdas?
-O quê? Isso é verdade Ricardo? - Perguntou Rosália.
-Sim é verdade! E sabes que mais mãe? O paizinho só é rico porque é um grande barão da droga. Sim, ele é que contribui para essa gentinha, que mal tem dinheiro para comer, enquanto ele está aqui a viver à grande e à francesa.
-Isto é verdade António? - Perguntava Rosália tirando discretamente uma arma da comoda da sala.
-Claro que é. Ou achas que a imobiliária dava assim tanto dinheiro? Nunca existiu imobiliária, e mesmo que existisse a esta hora estava na falência.
-Cala-te, puto cala-te ou se não eu mato-te. - Num acto de desespero António apontou-lhe a arma à cabeça. Rosália reagiu e puxou também a pistola.
-Larga o meu filho António. Larga já o meu filho.
-Estás a ouvir cabrão? Larga-me!
-Eu mato-te puto, eu mato-te!
Num segundo Rosália disparou contra António. Uma decisão difícil, mas apesar de tudo fácil. Matar o homem com quem viveu mais de 25 anos da sua vida ou matar o seu filho que já tantas vezes o decepcionara.
-Encontramos-mos no Inferno António!
-Vamos embora filho. Vamos sair daqui! Rosália dirigia-se para o carro. - Ricardo perplexo com toda a situação perguntou:
-Mãe, onde é que tu vais? - Acabaste de matar o pai.
-Ele não é teu pai! - Afirmou Rosália entrando no carro.
-Que história é essa? Explica-me que eu não estou a perceber nada. Vamos para onde? Não o podemos deixar ali.
-Antes de conhecer o António, fiquei grávida do meu namorado, porém quando este soube abandonou-me. Conheci o teu pai meses depois e acabamos por casar. Há é verdade, sabes aquela rapariga, a Sónia?
-Sim, ela é da minha turma...
-Ela é a verdadeira filha do António...
-E para onde vamos agora? - Perguntou ainda perplexo.
-Havai! Respondeu Rosália.
Rui e Sónia estavam em casa, deitados na cama e abraçados. O amor por ambos era intenso, e nada os podia separar. Finalmente o destino tinha dado a oportunidade de serem felizes... mas não claro, por muito tempo...