Carlos Moura é um homem dos sete ofícios e esteve em conversa Exclusiva com o Mais TVI.
Estudou Relações Públicas e Gestão de Marcas e Publicidade e já fez Rádio, foi Fotografo, Designer Gráfico, Apresentador de Televisão e em 2003 estreou-se no humor. Para além disso foi Coordenador de Conteúdos na SIC e no 5 para a meia-Noite. Em Março de 2011 chegou à TVI, para ocupar o lugar de editor de conteúdos no programa a Tarde É Sua. Como Carlos Moura diz, é ele que “gere os tempos e emoções” no direto.
Antes de começarmos a falar do teu trabalho na TVI... falemos de comédia. É difícil fazer rir? Como é que se pode ser um bom humorista, como tu?
Isso do bom é muito discutível, mas adiante. E também não sei se é difícil ou não. Creio que é complexo, isso sim. O riso é um reflexo físico de um processo intelectual, é uma mistura entre algo que não dominamos, como os espirros, e algo que percebemos para além do que nos é dito. É complexo, delicado e muito, muito rico. E para se fazer rir, é preciso trabalho. Acima de tudo, trabalho.
Fazes rir Portugal já há alguns anos e agora trabalhas num programa (A Tarde é Sua) que, às vezes, faz chorar. É mais fácil fazer rir ou fazer chorar?
É muito semelhante. Claro que me sinto mais confortável a fazer rir - é a minha praia - mas, no fundo, tratam-se ambos de gerir emoções e afectos. E, da mesma forma que o melhor humor é o reflexo da realidade, também no programa tratamos de casos reais, histórias de vida da nossa realidade... E mais: repara que não existe humor sobre coisas boas, só sobre coisas más.
És editor de conteúdos na TVI... quais as tuas principais funções? O que faz um editor de conteúdos?
Um editor de conteúdos faz a gestão estratégica entre o que contar, quando contar, como e em quanto tempo. Gere o esqueleto do programa, o alinhamento, de forma a dar o tempo necessário a cada parte do programa. Além disso, durante a emissão, é a pessoa que orienta e auxilia o apresentador, fazendo a ponte entre o que está a acontecer com o que vem a seguir, gerindo tempos e emoções.
Como é trabalhar com Fátima Lopes?
É enriquecedor. Já conheço a Fátima desde os tempos na SIC e não paro de me surpreender. Ela tem um extraordinário sentido de humor, uma energia impressionante (mãe de dois filhos, dona de casa, apresentadora, escritora e mais) e um profissionalismo exemplar. Mas o que penso que realmente a distingue é a inteligência emocional. É uma mulher de armas, trabalhadora, mas também de afectos - ela é aquilo que vemos, não disfarça emoções, não falseia. Já trabalhei com muitos apresentadores, mas a Fátima é, para mim, a melhor ponta-de-lança neste jogo. E não só sei que posso confiar nela, como sei que confia em mim -o que faz toda a diferença numa emissão em directo.
Também já te vimos algumas vezes à frente das câmaras no passado. Gostavas de voltar a esse lado? Há hipótese de isso acontecer em breve?
Só se me apaixonar por algum projecto maluco, mas por enquanto não faz parte dos meus planos.
De que lado te sentes melhor? À frente ou atrás das câmaras? Porquê?
Bastidores, sem dúvida. A adrenalina de criar, coordenar, trabalhar em equipa... é outra batalha, outro ritmo, que me dá muito mais prazer.
Agora vamos falar de alguns programas da televisão portuguesa
O que achas dos programas (como se diz na gíria) dos "mortos" (Depois da Vida & Até à Verdade)?
Sou totalmente céptico e não acredito em vida depois da morte. Mas são um formato como qualquer outro... acho apenas que se deve traçar uma linha de bom senso. Nada contra dar amparo emocional a quem perdeu um familiar, mas meter espiritismo em crimes graves, isso já me parece muito perigoso. Mas quem o está a fazer sabe disso, não é uma dor de cabeça minha.
É um formato vencedor e que fazemos muito bem, creio até que fazemos com mais qualidade do que outros países europeus! Esta última edição aborreceu-me um pouco pelo tipo de concorrentes que foi seleccionado. Creio que devia ter havido mais variedade, mas, mais uma vez, são opções. E espero que a Teresa Guilherme se mantenha. Ela é a melhor apresentadora de reality shows neste país!
Vias Peso Pesado? O que achas do formato?
Um programa de peso, sem dúvida, mas confesso que deixei de ver a versão portuguesa.
E do Preço Certo em Euros?
Enquanto o Mendes lá estiver, é um sucesso garantido. Quase todos os países têm concursos assim, que duram gerações. Nós temos este, que já não é um programa, é uma instituição!
O que achas da Televisão em Portugal? Faz-se boa televisão?
A televisão reflecte o país que somos, digam lá o que disserem. Acho que há muita gente a tentar fazer todos os dias melhor televisão. Se vires televisão espanhola, por exemplo, ficas a pensar que somos os melhores do mundo... Claro que há sempre muita coisa a melhorar. Temos que reconquistar o público mais jovem, temos que ter coragem para fazer coisas diferentes e temos que reaprender a fazer muito com pouco.
Voltando a falar da Tarde É Sua ... o programa foi criado a quando da chegada de Fátima Lopes, sendo este provisório. Pode-nos adiantar se o programa é para se manter ou irá haver alterações?
O programa tem todas as razões para se manter: foi líder em 2011, é um programa limpo, elegante, que aborda todos os temas e histórias com respeito, seriedade e dignidade. No entanto, é claro que vamos fazer algumas melhorias... e em breve!
Para terminar, quais os teus projectos para o futuro? Vais continuar na TVI e fazer espectáculos de Stand-UP?
Sim, além de alguns projectos que estão na gaveta e que, em 2012 têm que ver a luz do dia. Mas tudo a seu tempo! Uma das coisas que mais gozo me está a dar são as noites de comédia, todas as sextas-feiras, no Vox, o bar da Voz do Operário. É um espaço que se está a transformar num extraordinário clube de comédia e que tenho a sorte de vir a coordenar, com comediantes diferentes todas sextas, muitos tipos de humor e acima de tudo, muito talento em palco. Anda por aí muita gente capaz.
@Tiago David