main
main

domingo, 1 de janeiro de 2012

Cada um tem o seu... [8º Episódio]


Rosália e António estão a dormir quando o telemóvel de António começa a tocar, este acorda e atende.
-Estou... Sim... Sim, entendido eu ai daqui a pouco.
Entretanto Rosália acorda também quando o marido se levanta.
-Então querido, já vai sair?
-Sim, tem de ser. Telefonaram-me agora lá da empresa e tenho que ir a Algés para mostrar uma casa a um casal. Santa paciência... vou-me vestir.
-Vá lá, querido. Não se esqueça de vir aqui dar-me um beijinho quando sair.

Sónia levantara-se para ir à casa de banho, eram cerca de 6:12 da manhã. Ao lavar as mãos, deixou cair um copo que se encontrava em cima do lavatório. Ana ouvira o barulho e foi ver o que se passava.
-Está tudo bem? - Perguntou
-Sim, está tudo. Desculpa ter-te acordado, é que deixei cair o copo.
-Não, não faz mal.
As duas raparigas baixaram-se ao mesmo tempo para apanharem o copo, as suas faces estavam próximas uma da outra. Ficaram assim por alguns segundos, até que Ana beijou Sónia. Foram apenas vários segundos, e logo Ana apanhou o copo e levantou-se.
-Desculpa, não queria... disse Ana.
-Não faz mal, eu vou-me deitar.
-Ok, eu também vou. Até amanhã.
-Até amanhã.
Sónia dirigiu-se para o quarto, ainda confusa com o que tinha acabado de acontecer. Estava um pouco assustada, não sabia no que pensar. Era muita coisa para a cabeça dela, e não conseguia controlar tudo aquilo. Agora era hora de voltar a dormir, e Sónia estava cansadíssima e deixou-se adormecer entre pensamentos.
De manhã Rosália levantou-se, vestiu-se e foi directa ao hospital para ir buscar Ricardo que recebia alta no mesmo dia. No regresso a casa Rosália contou ao filho que já tinham uma empregada nova lá para casa. Os dois chegam a casa e deparam-se com António a falar ao telemóvel:
-Epá, Antunes, já disse para falares com aqueles gajos para arranjarem o material. Bom, eu agora tenho de desligar, falamos depois.
-Então querido, parece muito exaltado. Está tudo bem consigo? Não devia estar a trabalhar?
-Porra, mulher tantas perguntas, que maçada. Deixe-se lá disso e vá fazer umas compras, vá pintar as unhas, ir beber chá com as suas amigas... olhe vá para o raio que a parta. Que massada... - Gritava António, saindo de casa e batendo com a porta.
Rosália e Ricardo olhavam com espanto para a porta, com o que tinha acabado de acontecer.
-Bem, ele está mesmo a precisar de uma boa noite relaxante...
-Sim, tem razão querido. O seu pai anda muito exaltado, anda a precisar de uma boa noite de sono.
-Não, eu acho que a mãe não percebeu... ele está a precisar de uma noite relaxante, mas não é para dormir... é para... como é que eu ei de dizer? Olhe, para revirar os lençóis da cama consigo. Disse indo na direção do quarto, deixando Rosália chocada com o que acabara de ouvir.
-Ai, credo que isto anda tudo maluco, bem que com esta crise, temos que começar a apertar o cinto, mas não deixem de comprar comprimidos para a cabeça, por favor. Enfim... a empregada nunca mais chega, então vou preparar mas é um chá, para ver se me acalmo.
Ricardo, pensara em ter ouvido o nome "Antunes" enquanto o pai falava ao telemóvel, mas achava que era só impressão sua... afinal era muita coincidência.

Ana e Sónia, já vestidas, estavam sentadas a tomar o pequeno almoço.
-Sónia, desculpa aquilo ontem à noite. Não sei o que me deu na cabeça.
-Não faz mal... fica descansada.
Ana ficara por instantes a olhar para Sónia, quando finalmente ganhou coragem para falar.
-Sónia, eu não consigo resistir mais... tenho que te contar.
-Calma, o que se passa?
-Sónia, a verdade é que eu gosto de ti. Estou apaixonada por ti desde o primeiro dia que te vi. Não consigo resistir mais, beija-me Sónia.
-O quê? Perguntou Sónia embasbacada com toda aquela situação
-Sónia, eu estou apaixonada por ti desde que te conheci. Achei logo, que eras linda, amiga... enfim perfeita!
-Ana, desculpa eu não sei o que ei de dizer. Mas... mas eu não gosto de ti. Tu já deves ter percebido que eu gosto do Rui, desculpa Ana.
Numa questão de segundos, Ana tinha mudado de expressão. A sua carinha simpática estava agora chateada, talvez furiosa com o que estava a acontecer.
-Não, não, não. Tu vais gostar, de mim e nós vamos ficar juntas, nem que para isso eu tenha que matar o Rui.
-O quê? Tu és louca. Mas aviso-te já que se tocas com um dedo que seja no Rui, eu mato-te ouviste? Gritava Sónia ao sair de casa.
Ana furiosa, pegava no telemóvel e fazia uma chamada.
-Estou, Alex? Está tudo bem contigo? Bom, preciso que me faças um favor...

-Sim, sim Ana é na boa. Faço-te isso ainda hoje. Há tempo que me quero vingar dessa maldita cabra, pá! Só tu mesmo... bom quando tudo estiver acabado eu ligo-te. Ok, maninha?
-Sim, ok. Mas despacha-te, preciso que o faças o mais rápido possível.
Joana, estava sentada no sofá a ver televisão e ouve Alexandre a falar na cozinha, dirigindo-se depois para a sala.
-Quem era? - Perguntava Joana
-Era a minha irmã, quer que eu lhe vá fazer um favorzinho. Tenho a tarde cheia de coisas por fazer, logo vou chegar tarde, por isso não esperes por mim ok amor? Dá cá uma beijoca, até logo.
Alexandre saia do prédio, quando de repente fez uma careta para gozar com Joana.
-"Quem era?" Fogo, como se tivesse alguma coisa a ver com isso. Aquelas duas saem mesmo uma à outra... estúpidas, até dizer chega. - Dizia entredentes.

Rosália está a ver televisão, quando de repente tocam à campainha.
-Ai, credo que morro do coração. Deve ser a parva da empregada. Deve ter a mania de ficar com o dedo na campainha como se as pessoas tivessem no banho e não pudessem ouvir. Sinceramente, que mal criadagem.
-Rosália, abre a porta, cumprimenta a empregada, manda-a entrar, aproxima-se dela e diz-lhe:
-Olhe criatura, se você vai continuar a tocar assim à campainha logo de manhã quando vier trabalhar, isto vai ser complicado... muito complicado. Bem, vamos sentar-nos para eu lhe explicar o que deve ou não deve fazer. Entendido? Não, não você fica em pé. A maldita farda tresanda a lixivia e se me deixa uma marquinha que seja no meu sofá de seda corre porta fora. Entendido? Bem... eu tenho aqui um lista que vou ler-lhe passo por passo, para melhor compreensão sua. - Disse abrindo a lista que tinha pelo menos mais de 20 regras e tarefas diárias. - Bom, vamos começar...
Ao aproximar da noite, Rosália estava sentada no sofá da sala, quando a empregada lhe serve um cappuccino.
-Muito obrigado, mas não é preciso, não me apetece.
-Mas eu preparei-lhe o cappuccino, e deve estar mesmo muito bom, prove lá. Aproximando a chávena da cara de Rosália.
-Não ouviu criatura? Eu não quero porcaria de cappuccino nenhum, não quero nada. Só quero estar aqui sossegada a ver o "Jornal das 8", é possível?
-D.Rosália, tenho a certeza que não se vai arrepender, prove lá. Aproximando novamente a chávena da cara de Rosália.
-Não quero. - Gritou Rosália empurrando a chávena e deixando-a cair em cima do sofá.
-Ai meu deus. Ai, meu deus... o que é que eu faço agora? Mas o quê? Ai, o meu lindo sofá. O meu lindo sofá.
A empregada, permanecia paralisada a olhar para Rosália.
-Faça alguma coisa, criatura. Vá à cozinha, olha traga lixivia, que tira isto tudo. Mas despache-se, criatura, despache-se. Ai meu deus... reclamava Rosália a olhar para o sofá.
Até que a empregada aparece com o garrafão de lixivia.
-É branca? - Perguntou.
-Sim. Da mais branca possível.
-Bom, então só há uma coisa a fazer. - Disse decidida a despejar o garrafão em cima do sofá.
-Eu acho que não devia ter feito isso. - Disse a empregada.
-Oh criatura, você não sabe de nada. Então agora deixamos ai uma meia horinha de molho e levamos para o quintal para secar. Amanhã está novo em folha.
Ricardo ao sair do quarto, por ter ouvido tanto barulho olhou para o sofá totalmente incrédulo.
-Credo, foi aqui que mataram o Bin Laden? É que o sofá não está nada bonito.
-Bom, é que houve um pequeno problema... respondeu Rosália.