Sónia é uma rapariga simpática. Namorou com Rui quando esta tinha 10 anos e ele 11. Agora têm 20 e 21 respectivamente. Rui foi para o norte com os pais, e nunca mais voltou a ver Sónia. Cada um tinha seguido o seu caminho. Hà cerca de 3 anos, Rui voltou para Cascais. Tentaram reencontrar o amor que tinham deixado para trás mas não conseguiram e ficaram amigos. Porém, Sónia sabe que lá no fundo ele e ela ainda podem ter alguma coisa...
Sónia estava sentada na esplanada do café, com vontade de ir embora pediu a conta:
- Olhe se faz favor pode-me trazer a conta do café e do gelado? - disse sorridente para o empregado.
Sónia tinha combinado encontrar-se com os amigos ali, naquele café exactamente ás 14h30, mas já passava das 15h15. O que teria acontecido aos amigos mais de meia-hora atrasados? Era estranho. Até que chegaram os ditos. Sónia disse logo:
- Então o que é que aconteceu? Estou farta de estar aqui á vossa espera.
Carlos, um dos seus melhores amigos e irmão de Sandra acusa a irmã:
- Olha, reclama aqui com a Sandra porque foi ela que nunca mais se despachava. Horas e horas a escolher a roupa para vir a um encontro de amigos num café.
Sandra para tentar se defender responde:
- Ao contrário de ti não venho para a rua com uma roupa qualquer em pleno Verão, ainda por cima agora que isto está cheio de turistas. Gosto de me sentir chique!
Rui um rapaz simpático e sempre pronto a ajudar, tentou logo acalmar a situação:
- Vá, vá pessoal calma lá com isso. Ó Sónia pedimos desculpa pela demora, para a próxima ficamos nós à tua espera.
Sónia respondeu de seguida:
- Olha que não fica esquecido. E então o que me queriam dizer? É importante?
Claro que a Sandra não podia ignorar esta pergunta e respondeu-a à letra:
- Para mim não é. Ir para um terreno baldio cheio de bichos, pessoas com gripe A, carteiristas, barracas improvisadas, é importante? Só se for para ti.
Rui que estava, entretanto desviado da conversa, tenta calar Sandra:
- Fogo Sandra para de reclamar, credo, sinceramente já enerva.
- Fogo? Chama os bombeiros - responde a rapariga.
Rui era calmo e pacifico mas de vez em quando a Sandra fazia-lhe saltar a tampa.
O rapaz continua:
- Bem, o que te queríamos dizer é que chegou um parque de diversões ‘bué bacano aqui a Cascais. E logo à noite queremos que venhas conosco.
- Um parque de diversões parece ser giro, claro podem contar comigo - afirma Sónia.
Despedem-se um dos outros, com um até logo.
Carlos e Sandra seguiram para casa, já Rui e Sónia separam-se, um para cada lado, cada um seguia o seu caminho em direcção ao Destino como há 10 anos atrás. Iriam agora encontrar o caminho certo?
Já eram oito horas da noite quando a voz de Carlos ecoou por toda a sua casa:
- Despacha-te Sandra vamos chegar atrasados.
- Eu não vou - respondeu logo a rapariga.
- O que? Não vais? - gritou Carlos - Então o que estás a fazer?
- A pintar as unhas! - exclama a rapariga já com o pijama vestido.
Carlos dirige-se ao quarto de Sandra.Quando vê a irmã de pijama passa-se e grita:
- Sandra já me estou a passar contigo, vamos embora pá. Eles já devem estar à nossa espera.
Sandra responde:
- Ai! Eu quero lá saber se eles estão à espera ou não. Não vou por causa daquele brutamontes do Rui, viste a maneira com que ele falou comigo? Aquilo não são maneiras de falar com alguém, sinceramente. Eu não vou e ponto final.
- Ai vais, vais e não é a bem é a mal - grita furioso, pegando numas jeans e numa camisola -Veste e isto e vamos embora.
- Isso? Não visto isso nem morta, já passou de moda.
- Veste!
- Pronto, não é preciso gritares, fogo.
- Fogo? Chama os bombeiros - Diz o rapaz com um ar maroto de vingança.
- Que graça. Vê lá se não te saltam os dentes com essa graça toda e ainda andamos ai mais meia-hora à procura deles - respondeu a rapariga.
Carlos encolhe os ombros e prepara-se para sair.
Enquanto isso, Sónia e Rui já estavam na entrada do parque de diversões. Sónia estava com as mãos a esfregar os braços, é verdade que é Verão, mas aquela noite estava um pouco desagradável e estava muito vento. Rui tira o casaco e pousa o casaco nas costas de Sónia.
- Obrigado - Diz Sónia sorridente.
- Ora, não custa nada - responde o rapaz.
- Eles já deviam ter chegado, já passa das oito - diz Sónia, vestindo o casaco.
Mal Sónia acabara de falar, apareceram Sandra e Carlos a discutir, a escassos metros de distância:
- Vês, eles já estão aqui à nossa espera, só fazes as pessoas esperar. Tudo por causa de roupa.
- Já disse que gosto de me sentir chique - responde Sandra.
- Já disse que gosto de me sentir chique, ai sou tão chique eu não posso ir para a rua com umas calças de ganga e uma t’shirt, começam logo todos a olhar - diz Carlos gozando com a irmã.
- Estúpido - responde ela.
Chegam entretanto ao pé dos amigos.
- Então já estão aqui há muito tempo? - disse Carlos atrapalhado com o atraso.
- Não, não te preocupes chegamos há pouco tempo. - respondeu Sónia cheia de frio.
- Bem Sandra, estás...estás diferente. - exclama Sónia.
- Quem diria a menina Sandra com umas calças de ganga e uma t’shirt - exclamou Rui espantado com a amiga.
- É para variar - brincou Carlos.
Sandra farta de ouvir os amigos a falarem dela, embirrou:
- Vamos entrar ou não?
Rui dirige-se à entrada do parque:
- São 4 entradas, por favor. Quanto é? - perguntou Rui ao porteiro.
- São seis euros, por favor - respondeu o porteiro.
- Ora aqui estão, os seis euros. Obrigado.
Mal entraram Sandra começou logo a implicar:
- Ai que barulho.
- É normal não achas? Isto não é um salão de chá - respondeu já irritado o irmão.
- Bem, isto é brutal. Já não vinha a um parque assim há muitos anos - disse Rui admirado.
- No que é que andamos primeiro? Montanha Russa? - perguntou Carlos aos amigos.
- Sim vamos. E depois podemos comer no restaurante que há ali ao fundo - sugeriu Sónia.
- Vamos lá então - disse Sandra, que não esperava que aquilo fosse assim tão divertido e que jamais se sentiria confortável com aquela roupa, mas no que estaria ela a pensar? Nunca na vida se sentiria confortável com aquela roupa, bem, pelo menos em segredo. Os amigos já estavam a metros de distância quando ela ainda na porta gritou:
- Esperem por mim.
A noite foi passando e os quatro amigos divertiram-se como nunca. Sónia já tinha saudades de momentos daqueles com Rui, fazia-lhe lembrar a sua infância em que fingiam que eram casados e quando deram o primeiro beijo. Sónia ficava encantada com esses momentos, só lhe apetecia agarrar-se nos braços fortes de Rui, para não sentir frio. Mas apesar de tudo isto, ela sabia que agora não dava para voltar atrás, ir no mesmo caminho que Rui. Em vês de cometer o mesmo erro que no passado: separar-se de Rui... não seguir o mesmo caminho alcatroado que ele... preferiu ir no caminho de terra. Agora todos os dias pensava nesse erro.
Mas voltando à história, Rui, Sónia, Sandra e Carlos preparavam-se agora para andar na última diversão: o comboio fantasma. Já era cerca das 02h34 da manhã. O parque já tinha a maior parte das diversões fechadas, estava quase deserto e metade das pessoas que por ali andavam tratavam - se de feirantes que se preparavam para tapar com aqueles grandes plásticos os brinquedos. Mas os quatro amigos já tinham andado em tudo, aquele era o único que faltava. Não poderiam desistir.
- Olhe se faz favor. Podemos entrar? - disse Sónia chamando a atenção do feirante responsável pelo comboio fantasma.
- Não isto já está fechado, voltem amanhã - respondeu o velho homem virando costas.
- Não vamos voltar cá amanhã só para andar nisto, pois não? - interrogou - se Sandra.
- Claro que não. Vamos andar e é agora - afirmou Rui decidido a entrar no comboio.
Os outros seguiram-no e o comboio começou a andar. Estariam agora a seguir o caminho certo em direcção ao destino?