A viagem de comboio finalmente terminara. Tinha valido a pena entrar clandestinamente no brinquedo pois a viagem tinha sido divertida embora os gritos de Sandra fizessem Carlos arrepender-se:
- Para que é que eu a trouxe? Para quê?
Cá fora as luzes estavam todas apagadas, o silêncio e a escuridão reinavam entre dezenas de brinquedos já fechados que durante o dia arrancaram dezenas de sorrisos a dezenas de miudos e graudos.
- Ai que medo, isto está tudo escuro. Pensei que já tinhamos saido do comboio fantasma - diz Sandra.
- E já saimos tola, já apagaram as luzes todas não te esqueças que já é 02h43 da manhã. Isto já está tudo fechado - diz Carlos.
- Lembram-se onde é que é a saida? - pergunta Sónia.
- Acho que é por ali - responde Sandra
- Achas ou tens a certeza? - interroga Rui.
- Acho que tenho a certeza - responde a rapariga ao lembrar-se do mau aspecto do porteiro - Blhac. Acabei de ver, ou melhor rever, a pior imagem da minha vida - diz abanando a cabeça para os lados.
- Achas que é por ali vamos por ali - diz Carlos decidido a ir para casa.
Foram andando na direção indicada por Sandra. Esta era uma das poucas vezes que confiavam na rapariga, pois Sandra é um bocado incerta e estavam demasiado cansados para seguir ao calhas em vez de uma possivel saida. Até que lá chegaram. Sandra desatou logo a gritar:
- Conseguimos, ééééééééé, conseguimos, conseguimos, nós conseguimos.
- É parece que conseguimos - diz Rui contente por estar mais perto de casa.
Mas os gritos de Sandra fizeram acordar os dois doberman que estavam perto do guarda-nocturno. O guarda não era problema para eles, pois inventariam uma desculpa que os fizesse sair dali. Era o que estava combinado.
- Acho que os cães não aceitaram a nossa desculpa, mesmo que não a tenham ouvido - grita Sandra olhando para os cães seguindo na sua direção e na dos amigos.
- Acho que é melhor é começar a dar o baza que aqui ainda vamos mas é ser o almoço de amanhã - comenta Rui preparando-se para correr.
- Ou podemos ser o pequeno almoço, é que se nos guardarem para o almoço a carne pode ficar a cheirar um bocado mal, como não têm frigorifico - diz Sandra enquanto corria desesperada.
- O melhor é ficares calada, não achas? - responde Carlos. Os quatro amigos corriam que nem loucos, atravessavam vários caminhos feitos pelos brinquedos espalhados pelo parque até que se puseram atrás das casas de banho.
- Acho que aqui estamos seguros.
- Ai que cheiro!
- Tá calada pá queres que eles nos ouçam?
- Pronto não digo mais nada.
- Acham que o guarda-nocturno nos ouviu? - pergunta Sónia.
- Acho que não - responde Rui.
Por enquanto estavam seguros dos cães. Faltava agora arranjar uma maneira de sair dali: os muros eram demasiado altos para os conseguirem atravessar, e só havia uma porta de acesso que estava vigiada pelo guarda-noturno e claro os dois dorberman.
- Mas que alhada, que alhada em que nos fomos meter porra - reclamou Carlos.
- Bem o melhor é dividirmo-nos: a Sónia fica comigo e o Carlos com a Sandra - disse Rui.
- Ok vamos lá - respondeu de imediato Sónia que via agora a sua grande oportunidade de estar a sós com Rui.
Carlos e Sandra seguiram no caminho oposto sempre com muito cuidado para não encontrar os indesejados cães e o guarda-nocturno.
- Fogo estou mesmo a ver que a gente não vai sair daqui hoje - reclama Sandra.
- Olha fogo chama os bomb.... já chamaste? - estranhou Carlos admirado por ouvir uma sirene a tocar àquela hora.
- Não fui eu que chamei os bombeiros - desculpa - se a jovem.
Rui e Sónia tiveram a mesma reação.
- O que é que é isto? - pergunta Rui.
- Não sei. Queres ver que o homem ouviu-nos e chamou a policia? - questiona Sónia.
- É bem provável - responde o jovem.
Já onde permaneciam Sandra e Carlos as coisas estavam a ficar cada vez mais misteriosas:
- Ai estou tão cansada já não aguento mais um segundo em pé.
- Olha também eu estou cansado.
De repente ouviu-se uma voz estranha vinda de trás dos dois irmãos:
- Quem são vocês?
Os dois irmãos viraram-se para trás e viram o que menos esperavam: o guarda-nocturno e um dos seus doberman.
- Quem são vocês? - voltou a repetir - E o que é que vocês fazem aqui? Isto já está fechado, não podem estar aqui. Rex ataca!
O cão começou a correr atrás dos irmãos que agora estavam desesperados com a situação.
Carlos e Sandra tremendo de medo começaram a correr. Sandra ainda reparou que o guarda-nocturno tinha um problema na perna. Não dava para ver bem mas Sandra apercebeu - se que o homem coxeava.
- Corre, continua a correr não desistas agora.
- Estou a ficar cansada. A porra do cão está mesmo atrás de nós e se ele nos apanha?
- Ele não nos vai apanhar está descansada. Se continuares a correr ele não nos vai apanhar.
Carlos e a irmã corriam que nem loucos para fugir ao homenzarrão, mas Carlos foi apanhado pelo doberman que lhe mordeu a perna. Sandra viu o irmão deitado no chão e foi ao seu auxilio, mas o irmão gritou:
- Foge, não deixes que ele te apanhe. Eu fico bem. Prometo.
Sandra só teve tempo de começar a correr enquanto o estranho homem agarrava em Carlos que já estava inconsciente, com a perda de sangue, e o arrastava pelo chão fora. Até que Sandra perdeu o irmão de vista de vez.
Uns metros mais à frente, Sandra ajoelhada chorava gritando pelo irmão:
- Carlos, Carlos não Carlos, não...
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