Não é muito credivel, pois não? Eu sei...mas seria bem interessante se fosse verdade. Aliás, bem mais interessante do que ser um texto escrito "às claras" e pelas mãos de um mero administrador de blog. No fundo estariamos a criar um reality show onde, embora nada seja verdade, é tudo muito mais empolgante. Mas vamos fazer assim: mesmo não sendo tão bom quanto o anunciado acima, o leitor vai ficar atento à opinião de hoje. Combinado? Prometo que não se vai arrepender. Começa então, agora, o "Jornal Opinião"!
Em 2000 o "Big Brother" parou Portugal e teve entrada directa nos, famosos, comentários de rua. Aquilo que parecia ser uma simples loucura acabou por se tornar uma verdadeira febre e hoje em dia, já não há estação de televisão Portuguesa que saiba (sobre)viver sem os reality shows.
Apelidados de "novelas da vida real" são um autentico oásis nas grelhas de programação e um refúgio dos problemas para todos os que deles se tornam fãs. Mas será que a "Casa dos Segredos", o "Peso Pesado", o "Perdidos na Tribo", o "MasterPlan", ou tantos outros, não são, no fundo, o retrato real da pura ficção que é "O Último a Sair"?
Não há reality show que termine sem antes ter feito manchete na imprensa pelos piores motivos. Relativamente à "Casa dos Segredos" correram rumores de que até a personalidade de alguns concorrentes não passara de papeis entregues pela produtora. Já o programa "de peso" da SIC foi alvo de criticas por manipulação de imagens, sobretudo no que ao número de horas de treino diário diz respeito. E não vou, claro, entrar em pormenores sobre os guiões em que se tornaram as mil e uma aventuras do "Perdidos na Tribo": não por medo ou por censura, mas porque uma noite não chegaria...
Agora imagine o leitor, se é que (por mero acaso do destino) não passou já por essa situação, o que é "agarrar-se" de tal forma a um programa (de maneira a que quase o idolatre) e descobrir no fim que tudo não passou de manipulação e ficção de mau gosto. Ao contrário do que muitos pensam, o formato "reality show" é um dos mais pobres a nivel televisivo. Isto porque, sem intervenção de terceiros, aquilo que é jogo e regras acaba por se tornar um verdadeiro e gigante "aquário". Uma espécie de "Oceanário" onde os espectadores são convidados à tarefa primitiva da observação.
A monotonia que serve de pilar para estes "concursos" acaba por ter apenas uma solução. E essa passa, mesmo, pela manipulação. No caso do "programa das tribos", que interesse teria assistir às aventuras em Okohonga se a produção não tivesse criado a paixão de Tirambi com Vera? De que falaria Júlia Pinheiro ,nas galas da "Casa dos Segredos", se a Endemol não tivesse invertido a famosa cena da "pantufa cor-de-rosa"? Esta sim é uma questão que nos baralha a razão e a emoção: se por um lado o que, enquanto espectadores, procuramos nos "reality shows", é emoção, por outro não conseguimos esconder a frustação que sentimos ao saber que tudo não passa de encenação.
Perdoe-me o leitor se não é do tempo do brinquedo que vou citar mas a verdade é que os programas ""da vida real"" me fazem lembrar um verdadeiro Tamagoschi. Sem as mãos de ninguém são uma verdadeira monotonia. Com as mãos da produção ganham ânimo, cor, brilho, diversão, embora não passem de uma verdadeira novela!
Quero, porém, deixar ciente que isto não serve de desculpa para qualquer intervenção e manipulação de reality shows, até porque, nos sentimos realmente traidos: o que lhes damos (às estações de televisão) é audiências e popularidade, e no fundo o que nos dão é um "nada cheio de tudo" ou talvez um "tudo cheio de nada". O certo é que o mundo da caixinha mágica há muito que deixou de fazer parte do mundo "cor-de-rosa" em que às vezes julgamos viver. É triste e constrangedor dizê-lo mas a relação espectador-canal não é mais do que um simples jogo de dar e receber onde, bem lá no fundo, acabamos por dar mais do que o que recebemos em troca.
Agora, e porque nos convém, apague da sua memória tudo o que leu. Em breve, as luzes da "Casa dos Segredos" vão voltar a acender e nós queremos que fique atento ao concurso. Mas de uma coisa pode-se lembrar: na verdade, nem tudo é o que, realmente, parece!