Sandra ficara chocada com toda aquela cena. Ver o irmão morrer mesmo ali à sua frente e não poder fazer nada. Cumprira a promessa que fizera ao irmão: continuar a correr sem que o guarda a apanhasse.- Eu vou sair daqui. Eu tenho de sair - pensava a rapariga aflita depois de todo aquele terrivel espectáculo
Enquanto isso Rui e Sónia tentavam arranjar uma saída. Aquele parque era um grande labirinto de diversões. A cabeça de Sónia já andava à roda. Em Rui o cansaço era notável. Já era cerca de 4 da manhã e ainda ali estavam, perdidos. Até que viram chegar Sandra.
- Ainda bem que vos encontrei... nem acreditam... no que aconteceu - gritou a rapariga respirando acelaradamente.
- Calma, diz lá o que é que aconteceu? E onde é que anda o Carlos? - perguntou Sónia.
- O Carlos...o carlos...o Carlos morreu - soltou Sandra.
- O quê? - disseram Rui e Sónia ao mesmo tempo.
- Não, só podes estar a brincar... - disse Rui.
- Claro que não estou a brincar, achas que ia brincar com uma coisa dessas? - chorava a rapariga.
- Como é que isso foi acontecer? - interrogou Sónia.
- Foi o... guarda-noturno - soprou Sandra.
- O quê?
- Sim um dos cães e ele vieram a correr atrás de nós até que o doberman lhe mordeu a perna, o guarda apanhou-o e levou já morto - respondia quase sem nexo, Sandra.
- Meu deus. Temos de telefonar já para a policia - respondeu Sónia ainda incrédula.
- Por falar em policia, nós ouvimos uma sirene. E vocês? - Perguntou Sandra.
- Também, isto está a ficar muito estranho... - Respondeu Rui.
- Bem, temos que sair daqui o mais rápido possível - concluiu Sónia.
Estavam todos abismados com o momento, nem queriam acreditar no que Sandra lhes dissera. Carlos morrera, era como se o mundo lhes tivesse caído em cima...Não era possivel..
- Vamos todos para a entrada, agora todos juntos - pediu Rui.
Até que chegaram à entrada, sem qualquer sinal de doberman ou de guarda-nocturno. Tinham perdido totalmente a vista deles.
- Tenho que ir à casa de banho - disse Sandra com ar fragilizado.
- Ok mas não te afastes muito - repetiu Rui.
As casas de banho estavam numa zona um pouco escura, não dava para ver muito bem... até que Sandra tropeçou:
- Ai! - gritou a jovem
Sandra acabara de ver o que menos esperava, a pior imagem que podia ver: o seu irmão Carlos. Era Carlos que estava sentado no chão e encostado à parede do WC.
Sandra começa a gritar então:
- Ah!... Meu deus.
Rui vai na sua direção.
- O que é que foi, o que é que aconteceu? - Pergunta Rui, olhando para o corpo do seu amigo - Meu Deus!Di
- O que foi? - questionou Sónia que acabara de chegar.
- Meu deus, ele está morto - diz Sónia.
Foram interrompidos pelo barulho de passos nas suas costas...
- O que é que se passa aqui? - pergunta o guarda.
Começaram todos a correr e o guarda tratou de os seguir... até que se separaram. O guarda-noturno estava no meio de todos, que estavam escondidos entre os carrosséis. Rui tenta ainda fugir.
- Quieto! - grita o guarda.
- Por favor não dispare, vamos conversar - suplicou o rapaz enquanto era ameaçado com uma velha pistola.
- Não temos nada para conversar, nada - berrava o guarda disparando para o braço de Rui.
Rui cai no chão cheio de sangue. Sónia tenta ir ajudá-lo.
- Não, Sónia estás doida, queres levar um tiro também? - gritou de terror Sandra agarrando o braço da amiga.
- Temos que ir lá ajudá-lo - dizia Sónia.
- Não dá, vamos mas é sair daqui - pediu Sandra puxando a amiga.
O guarda começava a preparar - se para correr atrás delas. Sandra e Sónia já estavam um pouco afastadas, mas logo o guarda chegou perto delas. Continuaram a correr pelo parque fora. Apesar de ter uma prótese na perna o guarda corria tanto, que conseguiu agarrar Sandra pelo pescoço.
Sónia parou. Olhou para trás. Viu Sandra ajoelhada com uma faca apontada ao pescoço. Mas o pior estava para vir. À distância de um "ai" viu o guarda noturno a cortar-lhe o pescoço.
Sónia olhava para a amiga, como nunca tinha olhado. O pescoço de Sandra começara a deitar sangue. O guarda largou-a e ela caiu com a cara no chão.
- Meu deus, tenho de sair daqui...
